Nihon no Bi ocupa o Espaço Cultural Bunkyo

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Na manhã do último sábado, dia 14, finalmente, o Espaço Cultural Bunkyo, abriu oficialmente suas portas da Rua Galvão Bueno para o público em geral. Para a estreia desse marco foi organizado o “Festival Nihon no Bi – A Beleza do Japão”, reunindo 10 diferentes atrações da cultura japonesa praticada no Brasil, ressaltando o objetivo da criação desse novo local situado no subsolo do Edifício Bunkyo.

No amplo espaço, para quem entrava pela escadaria da Rua Galvão Bueno, a exposição de Ikebana chamava a atenção. Ao todo, foram arranjos preparados pelos representantes das escolas: Ikenobo Nambei, Ikenobo Tachibana, Ikenobo Brasil, Sanguetsu, Sogetsu, Kogetsu e Sogetsu. Durante o dia, foram realizadas quatro disputadas oficinas com diferentes professores – cada uma teve todas as vagas preenchidas.

Outra concorrida atração foi a oficina de shamisen e koto realizada após as três apresentações musicais reunindo a mestre Tamie Kitahara e seus alunos Márcia Abe e Ramon ao koto, Daisuke Takai ao shamisen e o mestre Shen Ribeiro ao shakuhachi.

“Foi incrível poder dedilhar o koto e conseguir tirar um som”, afirmava uma das moças participantes da oficina com a mestre Tamie Kitahara, destacando que “gosto muito de assistir às apresentações e nunca tinha experimentado tocar. Foi uma experiência incrível”

Já a mestre Tamie – que foi desaconselhada pelos filhos de participar do evento por conta da disseminação do coronavirus – não escondia sua alegria em poder “aproximar nossa música do público em geral”, e admitia que “o fato de contar com um público reduzido, possibilitou dar mais atenção aos interessados”.

Perto dali, no cantinho da cerimônia de chá, os professores estavam cheios de atividades. No palco, o biombo dourado enfeitado por um arranjo de ikebana e um kakejiku (rolo suspenso) com a caligrafia do monge Adati Taido “Ikka hiraku tenka no haru” (uma flor que desabrocha anunciando a primavera) criavam o ambiente para a demonstração desse ritual. De frente, 15 cadeiras para acomodação do público. 

As atividades, conduzidas pelos professores do Centro Chado Urasenke do Brasil, desta vez tiveram duas mudanças. Além da demonstração/degustação, foi exibido um vídeo explicativo recém-chegado do Japão sobre a cerimônia. Também, para prevenir um possível contágio do novo coronavírus, o chá (servido em copo descartável) e o doce, ao invés de serem servidos pelos anfitriões, foram dispostos numa mesa e cada participante se serviu.

Na sala de gastronomia, a movimentação começou às 10h, envolvendo a participação de 25 interessados nas oficinas para preparo dos pratos “takikomi gohan” (arroz temperado com legumes) e “bota moti” (doce de bolinho de arroz coberto com pasta de azuki) com a culinarista Marlene Fukushima. Ao final, tanto os alunos como alguns convidados puderam degustar os dois pratos (por sinal, deliciosos, elogiados por todos!).

Ao lado do palco, dois cantinhos movimentados: a oficina de mangá com Guilherme Raffide, membro da Abrademi (Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustração) – além de apresentar suas criações, orientou os interessados (jovens e adultos) nos rascunhos de desenhos de personagens de mangá. 

Ao lado, o jovem Rafael Diniz, acompanhado de uma assistente, recitava poemas tanka em japonês (Hyakunin Isshu), enquanto os jogadores tentavam encontrar as cartas correspondentes (identificadas pelas primeiras sílabas). Jorge Yamashita, vice-presidente do Bunkyo, profundo conhecedor da cultura e língua japonesa acompanhava surpreso a performance de Rafael (não descendente de japoneses, cabelos encaracolados e óculos grandes), presidente do grupo Meguriai Karuta Kai.

Do outro lado do Espaço Cultural, o cantinho do origami com a dedicada Cláudia Tamaki e sua amiga Zebina Ogasawara, orientando as dobraduras de papéis dos interessados sentados ao redor das mesas.

Lamentavelmente, a preocupação com a disseminação do novo coronavírus esvaziou a programação prevista para a estreia do cantinho do haicai no Espaço. Além da ausência da professora Teruko Oda, do escritor Paulo Franchetti que tinha programado o lançamento de seu livro, os visitantes de outras cidades também desistiram de participar. As haicaístas do Grupo Ipê, Danita Cotrim e Débora Tavares foram encarregadas de ministrar as oficinas.

Além disso, a Escola Fujima Ryu, programada para apresentar três peças de dança e exposição sobre a tradição da dança japonesa cancelou a participação.

O Nihon no Bi contou com a bela exposição de papel Washi da empresa World Paper com trabalhos incríveis de origami e venda de livros em português sobre cultura japonesa, editados pelo Jornal Nikkey/Nippak.

O Festival Nihon no Bi – A Beleza do Japão, uma realização da Secretaria Especial da Cultura, foi coordenada pelo Instituto Brasil-Japão de Integração Cultural e Social e produzido pelo Bunkyo/Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil. Contou com o patrocínio do Bradesco, SMBC, Yakult, Honda, Sakura, Hoss, Fast Shop, Plasac, Lanzi, Cofema, Ovos Luziânia e Mitsubishi Corporation do Brasil.

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