Final de semana movimentado do Bunkyo Rural

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Na sede da Associação Agrícola de Cocuera, à beira da movimentada rodovia Prof. Alfredo Rolim de Moura (antiga estrada Mogi-Salesópolis) cerca de 120 pessoas acompanharam com atenção, nos dias 14 e 15 de setembro, as apresentações dos convidados do 4º Encontro do Bunkyo Rural.

A extensa programação teve a abertura oficial na noite de sexta-feira, dia 13 de setembro com a conferência do conselhereiro da Sociedade Rural Brasileira, Antonio Junqueira de Queiroz, que enfocou sobre “Alimento saudável, lucro para todos”, tema base deste 4º Encontro.

No sábado, dia 14, as atividades se iniciaram às 9 horas com uma série de palestras, prosseguindo até 18 horas, para retomar no dia seguinte com as visitas técnicas (hortaliças, frutas e cogumelos).

Concorrida programação no dia de abertura

Com ligeiro atraso, por conta do tráfego de sexta-feira, a abertura foi bastante concorrida: não só pela afluência do público, como também, das autoridades.

A série de discursos foi aberta pelo presidente do Bunkyo, Kihatiro Kita, que agradeceu a presença e os esforços de todos para a realização do evento. Sua expectativa foi a de que cada vez mais a Comissão Bunkyo Rural se fortaleça como centro irradiador desses melhores conhecimentos e, também, como centro capaz de intensificar o relacionamento Brasil-Japão. Prosseguiu: “O Brasil, classificado como o quinto país do mundo em área total, possibilita o cultivo de quase todos os produtos em larga escala, com inegável vocação de um dos importantes celeiros de alimentos do mundo. Diante desse futuro promissor, abre-se nossa desafiante missão”.

Em seguida, falou o vereador de Mogi das Cruzes, Pedro Komura, presidente do Bunkyo – Associação Cultural de Mogi das Cruzes, entidade parceira na organização do evento. “Gosto de dizer que em Mogi temos a maior concentração de pequenas propriedades do Estado de São Paulo, sendo a grande parcela de agricultores, descendentes de japoneses,” afirma ele.

“Por isso é de suma importância a reunião para promover o intercâmbio de ideias e conhecimentos e debater o futuro da nossa agricultura. Hoje o agricultor tem que se modernizar, administrar com eficiência o seu negócio, buscando novas tecnologias para a produção e acompanhar o crescimento da demanda e a competitividade dos mercados,” completa.

Genji Yamazoe, presidente da ABJICA (Associação dos Bolsistas da JICA), uma das entidades realizadoras, destacou os 30 anos da associação a ser completada no próximo ano, e informou que a JICA, órgão da cooperação internacional do Japão, entre as atividades que promove, a mais antiga, sem dúvida, é o treinamento de técnicos em várias áreas de conhecimento, em todo Brasil e, “só no Estado de São Paulo, somos mais de 3 mil bolsistas e mais da metade faz parte de ABJICA”.

Já o consul Toshinobu Tsubori (Departamento de Economia do Consulado Geral do Japão, em São Paulo), parabenizou os realizadores e elogiou a escolha do local: “a região de Mogi é de extrema importância, não somente para a agricultura local, mas para a capital paulista, sendo considerada o cinturão verde que, diariamente, nosabastece de produtos frescos, saudáveis e de qualidade”.

O prefeito Marco Aurélio Bertaiolli foi representado por João Paulo Rodrigues Alves Pereira, chefe de Desenvolvimento Mercadológico da Secretaria da Agricultura de Mogi das Cruzes, ao lado do secretário da Agricultura de Mogi das Cruzes, Osvaldo Nagao. O representante, na ocasião, destacou que é motivo de orgulho a escolha da cidade para sediar esse Encontro Rural, pois, apesar do crescimento industrial e empresarial local, a atividade agrícola permanece forte economicamente e geradora de empregos e renda.

O deputado estadual Jooji Hato, em sua saudação disse que estava “muito feliz” em participar do evento, “que reuniu uma lista enorme de pessoas da área agrícola”. Destacou ainda, sua preocupação com os problemas de segurança.

Já o deputado federal Junji Abe, que considerou o encontro de “exponencial importância”, chamou a atenção para uma série de impasses vivida pelo setor, resultante da inexistência de uma política pública. “Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso houve uma grande separação entre as grandes culturas e a agricultura familiar. Estes são encarados pelos políticos como os coitadinhos e recebem todo tipo de subsídios. As grandes centrais, as commodities, o governo não tem que proteger muito. E nós, da olericultura somos os pequenos e médios produtores, responsáveis pelo abastecimento do mercado interno, só Deus sabe o que enfrentamos”, afirmou.

O deputado Abe enfocou diversos problemas vividos por esse setor, envolvendo desde impostos, o problema de mobilidade e transporte de produtos (nas cidades com os rodízios e nas estradas com a lei dos caminhoneiros) entre outros. “É uma insensibilidade total de nossos governantes,” lamentou.

Terminadas as saudações, seguiu-se a conferência do ex-secretario de Estado de Agricultura do governo Alckimin e conselheiro da Sociedade Rural Brasileira, Antonio Júlio Junqueira de Queiroz sobre “Alimento saudável, lucro para todos.”

De acordo com ele, “a produção de alimento é o maior desafio do mundo – não somente para o produtor, mas, também, para toda cadeia varejista. Alimento saudável – temos de ter todos esses itens: tem de ter ética, que tem de atingir a todos de uma maneira geral; tecnológicos para ter produtividade e boas práticas; social porque devemos ter uma distribuição uniforme; econômico porque devemos ter os preços justos, tanto ao produtor como preço do consumidor final; ambiental porque devemos ter sustentabilidade com boas práticas. Hoje já não existe agricultura e meio ambiente, eles andam juntos, de mãos dadas, hoje o mundo está querendo isso e temos de seguir esse caminho e, principalmente saúde das pessoas e esse é o ponto fundamental dos alimentos. Temos de ter água, terra e alimentos que são essenciais à vida”.

Na solenidade de abertura foi homenageado o Prof. Hiroshi Ikuta, o primeiro nikkei a obter o grau de doutorado e um dos pesquisadores responsáveis pelas melhorias na produção de hortaliças do país. Docente do Departamento de Genética da ESALQ-USP, foi responsável pela montagem da Estação Experimental do Setor de Melhoramentos de Hortaliças, em 1960. Os trabalhos de melhoramentos ali desenvolvidos resultaram no lançamento de variedades de berinjela, repolho, alface, pepino, cenoura, pimentão e outras espécies que revolucionaram o cultivo de hortaliças em nosso país. Aposentado em 1990, na última década, Ikuta dedicou-se à pesquisa de xaxim, vegetal praticamente extinto e fundamental para a conservação do solo e manutenção das águas subterrâneas.

Na última parte da programação, junto com o serviço de coquetel, houve a apresentação de minyô (música folclórica japonesa) pelo grupo Taubaté Kaito, com acompanhamento dos alunos do Arujá Nihongo Gakko, da Associação Brasil Nihon Minyo Kyokai. Além disso, Toshio Koketsu, membro da entidade e presidente da Associação Cultural Nipo-Brasileira da Alta Sorocabana, fez uma demonstração de tai chi chuan.

 

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