Final de semana movimentado do Bunkyo Rural

Compartilhe

Ainda no sábado, as palestras após o almoço

Marcelo Castagnolli, mestre em aquicultura e gerente comercial de Aquanegócio da Sansuy, falou sobre a “Apresentação da criação intensiva de organismos aquáticos”, destacando inicialmente, a demanda por alimentos nas próximas décadas e, para isso, a alternativa da “exploração da água, que cobre ¾ do nosso planeta”.

De acordo com ele, a criação intensiva de pescados em nosso país ainda tem um longo caminho a ser percorrido, aproveitando as condições favoráveis.

Até a década de 80, essa criação era de “fundo de quintal” ou na fazenda para consumo próprio, mudando depois com o surgimento dos pesque-pague. “Somente no final da década de 1980 apareceram as primeiras plantas processadoras de pescados vindos da aquicultura, no oeste do Paraná”, afirma o palestrante, indicando que, “a partir de lá, a curva do aumento de crescimento da produção é vertical”.

De acordo com ele, atualmente o maior produtor de pescados é o Ceará, vindo em segundo lugar Santa Catarina, depois Rio Grande do Sul e Paraná. “Este é um dado curioso porque os três últimos Estados são de clima frio” aponta Marcelo “e aí, fico perguntando se nós, e outros Estados mais quentes, não estamos dormindo?”. Informa ainda que, nos últimos três anos, houve um crescimento de 44% no consumo de pescados.

Durante a palestra, Marcelo também apresentou as opções de produtos da Sansuy para a produção e manejo da criação de pescado. Além disso, exibiu um vídeo gravado em Rondônia em que o produtor rural consorcia, com sucesso, a criação de pirarucus em tanques de PVC e utilização da água dessa criação para irrigação de produtos de frutas e cucurbitáceas.

Em seguida, o tema enfocado se referiu à nova (e complexa) legislação: “O novo Código Florestal – APP, reserva legal e cadastramento ambiental rural” que envolveu a participação de dois palestrantes. Um deles foi Renato Nunes, diretor do Núcleo de Projetos da Secretaria do Meio Ambiente e, o outro, o deputado federal Junji Abe, titular da Comissão de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, na Câmara dos Deputados.

O diretor Nunes, baseado na exibição de diferentes ilustrações da nova legislação não só explicou cada uma das determinações, como também, os conceitos nela contidos. “Um dos objetivos é o de garantir o desenvolvimento sustentável capaz de suprir a geração atual sem comprometer as necessidades do futuro”, afirmou, acrescentando que “não será possível pensar em desenvolvimento econômico se não se levar em conta o índice de desenvolvimento humano que envolve renda, educação e saúde”.

Já o deputado federal Junji Abe ao iniciar sua participação disse que levava ao encontro “uma visão do produtor rural” perante o Código Florestal e foi enfático “apesar de mostrar conquistas e benefícios, infelizmente a corda arrebentou para o lado mais fraco, o do agricultor.”

“Não se trata de um simples desabafo” justificou “mas por tudo que representa a agricultura em nosso país”. De acordo com ele, “embora a indústria seja benvinda, enquanto elemento transformador do produto primário, não podemos prejudicar aquilo que mais representa de impactante para estabelecer o desenvolvimento econômico-financeiro, o equilíbrio social. E, está na agricultura a grande função para diminuir essa desigualdade social. Todavia, ao longo dos anos, temos enfrentado a insensibilidade dos governantes, de um modo geral”.

“Para chegarmos até este ponto foi uma luta” admite o deputado Abe ao comentar sobre o novo Código Florestal, justificando que na Câmara Federal, dos 530 deputados, pelo menos 270 deles estão sempre defendendo a agricultura, mas, no Senado, não se tem a maioria que faz a defesa da agricultura. Acrescenta que “infelizmente a população desconhece o nosso sofrimento e, ao mesmo tempo, não sabe das dificuldades para se produzir na zona rural”.

Enfático, admite: “perdemos a comunicabilidade com a população urbana e ainda querem que sejamos os salvadores da pátria por meio da produção de alimentos, mas, infelizmente, o governo prejudicou este setor, principalmente os produtores de hortifrutigranjeiros”.

Para o deputado Abe, o novo Código Florestal que “estamos tendo que cumprir foi baixado num clima de total autoritarismo porque o legislativo não nos deu a mínima chance de discutir”. Para ele “o governo se curvou aos interesses maiores e até aos grupos internacionais, do governo de outros países, que não querem que o agronegócio deste país cresça”.

Ele defende mudanças no Código Florestal, apontando que “a luta não é a água versus meio ambiente, precisa estabelecer uma compatibilização das necessidades de todos, do produtor de alimentos com o sistema de defesa do meio ambiente para o bem do Brasil e do proprietário brasileiro.”

Confira o calendário de eventos completo