“Na plácida, imensa planura do Parque Ibirapuera, entre paredões de eucaliptos galgos e varas altas que fisgaram as carpas de papel de seda colorido e bojudas de ar, o delicado Katsura marcará a multissecular presença do Japão nas festas dos quatro séculos de São Paulo, com todo aquele conteúdo poético que se concentra na grandiosa miniatura de um Haikai”.
- Guilherme de Almeida, poeta e presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo
Pavilhão Japonês, símbolo da amizade entre dois países
Localizado no Parque do Ibirapuera, o Pavilhão Japonês ocupa uma área às margens do lago do parque, e é composto de um edifício principal suspenso, que se articula em um salão nobre e diversas salas anexas, salão de exposição, além de um belíssimo lago de carpas.
O Pavilhão Japonês foi construído conjuntamente pelo governo japonês e pela comunidade nipo-brasileira e doado à cidade de São Paulo, em 1954, na comemoração do IV Centenário de sua fundação.
O projeto, executado pelo professor Sutemi Horiguchi (da Universidade de Meiji), tem como principal característica o emprego dos materiais e técnicas tradicionais japonesas. E, teve como inspiração o Palácio Katsura, antiga residência de verão de membro da Família Imperial, em Kyoto, construído entre 1620 e 1624, na era Edo que foi marcada pelo domínio do clã Tokugawa.
Sua estrutura baseia-se na tradicional arquitetura japonesa no estilo Shoin, adotado nas residências das casas dos samurais e da aristocracia – mais tarde adotado por outras classes. Ela baseia-se ainda em composições modulares de madeira (com divisórias deslizantes, externas e internas), organicamente articuladas, e marcadas pela presença do tokonoma (área destinada à exposição de pinturas, arranjos florais, cerâmica, etc), bem como de outros nichos embutidos, com prateleiras e pequenos gabinetes, decorativamente dispostos.
Na composição estética, o estilo preponderante é Sukiya (derivação de concepção livre do rígido estilo Shoin) que atende aos anseios de contemplação estética (dos próprios ambientes, de objetos, peças de arte e da paisagem), por introspecção e pela criação de um microcosmo apartado dos trâmites mundanos. Portanto, para este tipo de arquitetura, a relação entre a paisagem e o interior dos ambientes é de vital importância. A visita das áreas externas e o paisagismo lírico dos jardins tornam-se prolongamento dos ambientes interiores.
Projetado como um monumento símbolo de amizade entre japoneses e brasileiros, o Pavilhão reúne materiais trazidos especialmente do Japão, tais como as madeiras, pedras vulcânicas do jardim, lama de Kyoto que dá textura às paredes, entre outros.
A construção do Pavilhão Japonês no Parque do Ibirapuera, em 1954, que foi transportado desmontado, em navio, contou com numerosos imigrantes japoneses que atuaram como voluntários para auxiliar o corpo técnico vindo do Japão. Essas atividades foram coordenadas pela Comissão Colaboradora da Colônia Japonesa Pró-IV Centenário de São Paulo.
O Pavilhão Japonês foi doado para a Prefeitura Municipal de São Paulo. Desde 1955, a Sociedade Paulista de Cultura Japonesa (atual Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), foi, graças ao convênio estabelecido com a Prefeitura da cidade de São Paulo, a entidade tem sido responsável pela administração, manutenção e promoção de eventos nesse local.