Museu Afro Brasil abre exposições sobre a arte da gravura no Brasil e no Japão

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4Neste dia 16 de abril estarão abertas ao público duas exposições no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A primeira, composta por um raro acervo dos mestres do ukiyo-e aborda a tradicional arte da gravura japonesa. A outra celebra os gravuristas brasileiros e nossa longa tradição nas diferentes técnicas de gravura.

Com 42 trípticos e um políptico, a exposição A arte do Ukiyo-e – A tradição da gravura japonesa, tem curadoria de Emanoel Araujo e reúne trabalhos de Toyohara Kunichika, Utagawa Kunisada, Utagawa Yoshitora, Utagawa Kuniaki, Utagawa Yoshiiku, Fusutane, Tsukioka Yoshitoshi e Utagawa Hiroshige II.

Quarenta e três obras pertencentes ao colecionador e artista visual Roberto Okinaka, produzidas na década de 1860, durante a transição do poder dos samurais ao Imperador Meiji, oferecem um panorama da sociedade, da cultura e das tradições do Japão em estampas multicoloridas, de minuciosa realização artística. À montagem foram incorporados quatro quimonos e seis obis do acervo do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social.

“A ‘pintura-brocado’, como se chamava a estampa multicolorida se estabelece pelos anos de 1750, na cidade de Edo (atual Tóquio), então sede do xogunato Tokugawa, e passa a servir um mercado editorial crescentemente ávido por novidades. A movimentação de palavra recitada, registrada em caligrafias inesperadas (livros e libretos de diversos gêneros), encenada (teatro kabuki), encontra na imagem seu mais valioso suporte: a pintura impressa, a qual acompanha também dizeres mercadológicos, guias de viagem, convites particulares, publicações didáticas, propaganda de entretenimentos, notícias gerais”, avalia a professora da FFLCH/USP, Madalena Hashimoto Cordaro, autora do texto de apresentação.

Ao mesmo tempo, o museu celebrará os gravuristas brasileiros numa exposição paralela, Artes gráficas no Brasil: um ensaio. “Temos uma longa tradição nas diferentes técnicas de gravura sobre madeira e sobre metal, água-forte, água-tinta, ponta-seca. Alguns gravadores tiveram premiações nacionais e internacionais. São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Salvador, Pernambuco e o Nordeste, de um modo geral, foram centros produtores de artistas voltados para a antiga e tradicional técnica da gravura”, relata o diretor-curador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araujo. “Esta mostra faz um ‘link’ entre a exposição das gravuras ukiyo-e do século 19 e a da gráfica de livros de arte Raízes”.

Nesse panorama, Araujo se refere a artistas como Oswaldo Goeldi, no Rio de Janeiro, Lívio Abramo, em São Paulo, Henrique Oswald, na Bahia, e Samico, em Pernambuco, além dos inúmeros ilustradores anônimos dos folhetos de cordel. “Isso prova a grande eficiência que a gravura teve como fato político popularizador da obra de arte”, diz o curador, lembrando-se ainda dos Clubes da gravura, como o de Bagé, a Oficina de Olinda, a Escola de Belas-Artes da Bahia, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

“Gravadores tornaram-se célebres, a exemplo de Marcelo Grassmann (primeiro como xilogravador e depois como gravador em metal), Maria Bonomi, Anna Letycia, Fayga Ostrower, Isabel Pons, João Câmara, Samico, Rossini Perez, Poty, Odetto Guersoni, Maciej Babinski, Carlos Scliar e Glauco Rodrigues, para citar alguns dos artistas responsáveis pela alta qualidade da gravura brasileira e pelo prestígio mundial que ela alcançou”, afirma Araujo. “Talvez tenha sido a mais importante expressão artística que o Brasil produziu dos anos 60 a 80. Esse prestígio deu espaço à exposição organizada pelo diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de São Paulo, Walter Zanini, que se constituía numa forma de apresentar os jovens gravadores”.

Mais informações: www.museuafrobrasil.org.br

A arte do Ukiyo-e. A tradição da gravura japonesa
Artes gráficas no Brasil: um ensaio

Entrada gratuita
Abertura para o público: 16 de abril de 2014
Visitação: de terça-feira a domingo*, das 10h às 17h (com permanência até às 18h)
Local: Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera (portão 10)
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n – São Paulo / SP
Informações: (11) 3320-8900
*Na última quinta-feira de cada mês, o horário de funcionamento será estendido até às 21hs, para atendimento noturno ao público visitante

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