Iniciadas as obras de restauração do Pavilhão Japonês

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norio nakashimaComeçou, neste último dia 24 de novembro, uma nova etapa das obras de restauração do Pavilhão Japonês, no Parque Ibirapuera, realizadas pela Construtora Nakashima (da província de Gifu) especializada em construção e restauração de madeira.

Este é um dos três projetos oficiais aprovados pela Comissão Organizadora das Comemorações dos 120 anos de Relações Bilaterais Brasil-Japão, presidida pelo embaixador Kunio Umeda, e que tem um orçamento estabelecido em cerca de R$ 200.000,00.

todos1Trata-se da restauração do conjunto da edificação do Pavilhão Japonês concentrando-se basicamente nas madeiras dos alicerces, dos forros e coberturas, cuidadosamente planejada por Norio Nakashima (diretor-presidente da Construtora), que acompanha pessoalmente cada passo das obras, que deverá se estender por cerca de três semanas.

Os trabalhos de Nakashima junto ao Pavilhão (em geral, feitos de forma voluntária), têm uma história que remonta à comemoração dos 80 anos da imigração japonesa no Brasil, em 1988, depois em 1998, e em 2013, comemorativo aos 105 anos da imigração japonesa.

todos2Agora, em 2015, comemorando-se os 120 anos do Tratado de Amizade Brasil-Japão, a intervenção nas madeiras será mais ampla e radical que da vez anterior. Para se ter uma referência disso, ela está representada por uma carga de mais de cinco toneladas de madeira hinoki e sugi (duas espécies de ciprestes nativas do Japão), além de ferramentas específicas para execução dessas obras.

Essa carga saiu do porto de Aichi – Nagoya, e chegou ao porto de Santos no último dia 17 de junho, sendo depois armazenada no próprio Pavilhão. A madeira sugi será utilizada para restauração da parte do forro e telhado que foi afetada pela ação dos cupins; já o hinoki será usado na estrutura das bases que apresentam desgaste pelas águas da chuva e ação dos cupins e do tempo (o Pavilhão foi construído há exatamente 61 anos).

As obras no Pavilhão

todos3“A edificação não corre o risco de desabar, estamos fazendo esta restauração trazendo o material e mão de obra especializada do Japão para garantir que este Pavilhão Japonês mantenha intactas suas características originais por mais 50, 100 anos”, explica Norio Nakashima, considerado por todos como o legítimo guardião dessas edificações.

Ele relembra que em 2013 foram realizadas várias obras de restauro nas instalações, principalmente nos pilares do pavilhão principal, e ação de combate aos cupins. Na realidade, esclarece, foram obras emergenciais visando atender às necessidades para reabertura do local, fechado para visitação pública há mais de um ano pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente que gerencia o Parque Ibirapuera.

todos4“Assim, após essas obras, realizamos um detalhado levantamento do estado do Pavilhão, detectando não somente as necessidades de restauração das instalações de madeira, bem como o combate e prevenção dos ataques de insetos e roedores e a cuidadosa limpeza das peças de instalações”, explicou Nakashima.

Desta feita, o trabalho foi iniciado no Salão de Exposição, na parte debaixo, com a substituição do madeiramento do baldrame para depois passar para a parte superior com a troca de madeira do forro e reparos no telhado.

todos5As obras envolvem seis profissionais: três mestres carpinteiros (chamados de miyadaiko, especialistas em construção de templos, castelos e residências) e mais três auxiliares, cuidadosamente escolhidos entre os 1.000 funcionários que trabalham na empresa (300 contratados diretos e 700 terceirizados).

Privilégio pessoal e profissional

todosProfundamente comprometidos com a preservação do Pavilhão Japonês, Norio Nakashima decidiu envolver mais funcionários (que escolheu cuidadosamente!) nessa missão: além do mestre carpinteiro Tomohiro Matsushita (43 anos), que esteve na etapa anterior, trouxe mais dois mestres carpinteiros, Tomonori Taguchi (43 anos) e Yukio Kesamaru (54 anos), e escolheu mais três auxiliares: Masanari Hara (26 anos), Naoya Munesada (22 anos) e Hiroki Hayakawa (23 anos).

O plano de trabalho estabelecido por Norio Nakashima prevê a conclusão dos trabalhos em exatas três semanas (incluindo sábados), e depois, irá presentear seus funcionários com uma viagem ao Amazonas.

matsushitaMatsushita, que já esteve há dois anos acompanhando Nakashima nas obras do Pavilhão, disse estar muito feliz “por mais esta oportunidade de viajar para o outro lado do mundo para essa missão” e espera “corresponder à expectativa de todos e para isso pretendo me esforçar ao máximo”.

Disse também estar muito agradecido “ao Bunkyo por essa iniciativa de nos chamar para esse trabalho que, para nós, é um motivo de orgulho”.

haraTaguchi, por sua vez, afirmou que, por meio da empresa, “já fiz trabalhos em quase todo o Japão”, mas é a primeira vez que viaja ao exterior com essa finalidade.

Conta que já ouviu várias coisas sobre o Brasil “mas, ao chegar aqui, constatei que a realidade é um pouco diferente daquela que imaginava”, acrescentando que se sente “muito honrado em contribuir para a preservação de um local que é visitado por importantes autoridades de meu país”.

Kesamaru, que conhecia do Brasil pela tevê, com samba, carnaval e futebol, ficou surpreso com o país: “não imaginava que ele era tão bonito assim”.

hayakawaSobre seu trabalho no Pavilhão, considera estar “fazendo uma obra histórica”, e por conta disso, tem “a sensação de gratidão e honra” por ter sido um dos escolhidos para vir ao Brasil.

Hara, contou que, além de ser sua primeira viagem ao exterior, também é a primeira vez que viaja de avião. Feliz, promete dar todo seu empenho nesse trabalho.

Munesada, o mais novo do grupo, também disse que sai ao exterior pela primeira vez. Considera um privilégio não só poder conhecer um novo país, como também acompanhar os três mestres e aprender com eles.

munesadaHayakawa, que é filho de antigos funcionários da Construtora Nakashima, disse que sempre teve a imagem do Brasil como um país animado e, chegando aqui, não só confirmou, como também constatou que todos têm “sorriso fácil e são gentis”.

Também considerou esta viagem como uma grande oportunidade para seu futuro profissional e se sente grato pela empresa e ao Bunkyo. “Nunca imaginei que um dia pudesse estar aqui, fazendo este tipo de trabalho”.

mestresNorio Nakashima também não esconde sua satisfação em estar diante de mais uma tarefa, assumindo a postura de um legítimo guardião do Pavilhão que, agora, aproveita para compartilhar essa missão com novos funcionários de sua empresa.

Passa a cada um deles a responsabilidade da preservação deste monumento do intercâmbio Brasil-Japão construído em 1954, e que neste ano comemorativo aos 120 anos de amizade entre esses dois países, merece um tratamento todo especial.

auxilixaresAssim, para a restauração, além da contribuição de Norio Nakashima (que assumiu, entre outros itens, os custos com as madeiras e o salário dos funcionários) e do governo da Província de Gifu, está o recurso aprovado pela Comissão Organizadora das Comemorações dos 120 anos de Relações Bilaterais Brasil-Japão e as despesas pagas pelo Bunkyo.

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