Um diário de bordo de 1908 é a peça chave da exposição Ryo Mizuno, o homem que iniciou a imigração japonesa no Brasil e o seu diário de bordo do KasatoMaru, que começa no próximo dia 5 de novembro.
Ryo Mizuno (1859 – 1951) nasceu em Kochi, Japão, na tumultuada época da Restauração Meiji que, entre outras mudanças, abriu os portos do país após mais de 200 anos de isolamento.
Motivado por um relatório sobre a situação da cafeicultura no Brasil, Mizuno resolve conhecer o país, depois empreendendo, em 1908, o transporte para cá de 781 pessoas, o primeiro grupo de imigrantes japoneses, a bordo do KasatoMaru.
Seu diário é o testemunho documental da viagem que se tornou o marco da imigração japonesa no Brasil.
A exposição será realizada no Museu Histórico da Imigração Japonesa do Brasil (MHIJB), na capital paulista, que em março celebrou um convênio de posse compartilhada do documento, assinado entre a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), mantenedora do MHIJB, e a Prefeitura Municipal de Bastos, mantenedora do Museu Histórico Regional Saburo Yamanaka.
Esta é a primeira vez que o documento será exibido ao público em São Paulo e será possível consultar todas as páginas deste diário de bordo em sua versão digitalizada, que estará disponível em um totem. Já os pesquisadores podem também ter acesso à versão transcrita do material, que facilita a leitura da caligrafia de Mizuno e dos kanjis mais antigos usados no texto.
Os visitantes ainda poderão acompanhar a trajetória do pioneiro e visionário Ryo Mizuno em dez painéis e conhecer um pouco mais sobre o início da imigração japonesa no Brasil, por uma linha do tempo; e descobrir outras preciosidades como a primeira cafeteria no Japão, o Cafe Paulista, montada em Osaka por Mizuno com o objetivo divulgar o café brasileiro no oriente, além de objetos de seu outro empreendimento, a cafeteria em Guinza, que existe até hoje.
Já no Brasil, Mizuno recebeu do governo do Paraná a cessão de terras para a implantação da Colônia Alvorada, outro de seus empreendimentos, voltada à produção agrícola. De volta ao Japão em busca de recursos, foi surpreendido pela eclosão da Segunda Guerra Mundial. Durante o conflito, Mizuno perdeu praticamente todo seu patrimônio e só reencontrou a família em 1950. Ryo Mizuno morreu um ano depois, em São Paulo, aos 91 anos de idade.
A exposição traz ainda algumas pinturas como retratos de Mizuno, pintados pelo artista Jorge Mori e outro de Carlos Kubo, um quadro do navio KasatoMaru, também de Carlos Kubo e objetos pessoais como o quimonos usados por Ryo Mizuno. Além de peças fornecidas pela família e também foi montada a sua árvore genealógica.