Calcula-se que cerca de 12 mil pessoas estiveram no Bunkyo participando do Bunka Matsuri, a Festa da Cultura Japonesa, realizada nos dias 21 e 22 de maio último.
No sábado, na parte da manhã, a chuva caiu forte e ameaçava espantar os visitantes. Felizmente, por volta do almoço, o tempo firmou e o público se animou em sair de casa. Já, no domingo, com o sol amigo brilhando desde manhã, o pessoal chegou cedo à sede do Bunkyo.
A festa reuniu uma série de atrações montadas em diferentes locais da sede, desde o estacionamento até o 9o andar. O fato é que, na definição de alguns visitantes de “primeira viagem”, havia um “labirinto” de atrações obrigando o público a uma intensa movimentação por todos os setores.
A abertura e inauguração especial
No sábado, em conjunto com a abertura do Bunka Matsuri, também foi programada a cerimônia de descerramento de um monumento em homenagem à visita do primeiro-ministro Shinzo Abe ao Brasil, ocorrida em agosto de 2015.
A pedra, instalada no jardim frontal do Bunkyo, traz a inscrição do shodô de autoria do premiê Abe com a seguinte frase: “Nippaku Han-ei. Juntos” (Prosperidade do Japão e do Brasil. Juntos).
O marco, que foi confeccionado graças ao patrocínio da Fundação Kunito Miyasaka, tinha seu descerramento marcado para às 11h30, mas sofreu atraso devido a chuva. No entanto, com a persistência dela, a cerimônia teve de ser abreviada restringindo-se à saudação da presidente do Bunkyo, Harumi Arashiro Goya, e do cônsul-geral do Japão em São Paulo, Takahiro Nakamae e o descerramento feito sob a proteção de guarda-chuvas.
Em seguida, os convidados se dirigiram ao Grande Auditório para a abertura oficial do Bunka Matsuri. A concorrida presença de autoridades japonesas e brasileiras, bem como os numerosos representantes das entidades nipo-brasileiras, traduziu a relevância alcançada pelo evento.
No palco, para a abertura, ao lado da presidente do Bunkyo, Harumi Arashiro Goya e do coordenador da Comissão Organizadora, Carlos Kendi Fukuhara, foram convidados: cônsul do Japão em São Paulo, Yoko Fujita; diretor da Fundação Japão, Yoo Fukazawa; presidente e superintendente geral da Fundação Kunito Miyasaka, respectivamente Roberto Nishio e Keizo Uehara; deputada federal Keiko Ota; deputado federal Walter Ihoshi; deputado estadual Hélio Nishimoto; deputado estadual Jooji Hato; vereador Aurélio Nomura; vereador Masataka Ota e vereador George Hato.
Presenças ainda do empresário Hatiro Shimomoto, Akeo Yogui (representante da Beneficência Nipo-Brasileira), Eiki Shimabukuro (Kenren), Toshifumi Murata (presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Japão no Brasil), Takao Yamada (Aliança Cutural Brasil-Japão), Sunao Sato (presidente do Ikoi-no-Sono), Kozo Ono (presidente do Kibo-no-Ie), Soen Hayashi (vice-presidente do Centro Chado Urasenke), Erisson Thompson (Associação Brasileira de Ikebana), Kokei Uehara e Kihatiro Kita (presidentes honorários do Bunkyo), Valter Sasaki (presidente do Nippon Country Club), José Kanashiro (presidente da Associação São Paulo Norte), Paulo Ogata (chefe de gabinete do vereador Ushitaro Kamia), Rafael Jun Mabe (presidente nacional da JCI), Renato Ishikawa (presidente do Hospital Santa Cruz) e Jun Suzaki (presidente do Yasuragui Home).
Nas palavras da presidente Goya e do coordenador Fukuhara foram enfatizados os agradecimentos aos esforços de todos para a realização do evento, incluindo os patrocinadores. Já nas palavras dos políticos e da cônsul Yoko Fujita, o enfoque foram as palavras de congratulações pela organização da Festa.
No final da cerimônia de abertura, o coordenador Fukuhara fez uma surpresa: preparou uma réplica em acrílico com as ilustrações do cartaz do 1º Bunka Matsuri e fez a entrega para Marcelo Hideshima (coordenador da 1ª edição) e Jorge Suzuki, um colaborador constante desde o início do Bunka Matsuri.
A exposição anual de Ikebana
A Comissão de Ikebana e Associação Brasileira de Ikebana mostraram, uma vez mais, o alto nível técnico alcançado pelas escolas de ikebana no Brasil. A exposição reúne todas as escolas de ikebana e, para tanto, cada arranjo ocupou os nichos dispostos ao longo de um corredor montado no amplo espaço do Hall. O cenário foi estruturado em madeira e tecido de lycra colorido e iluminação.
Nesta exposição anual coletiva, cada escola cuidou com esmero a produçõ de seu arranjo, dando o melhor de si, fato que contribui para que continue sendo o carro-chefe do Bunka Matsuri.
A variedade das oficinas culturais
Esta edição, na parte das oficinas, reuniu exatamente 16 especialistas que realizaram sessões em horários determinados e outros permaneceram no local, ao longo do dia, dando assistência aos interessados.
As oficinas foram instaladas em vários espaços do edifício, mas, o ponto central ficou nos 800 m2 do recém reformado Espaço Cultural Bunkyo, localizado no subsolo.
O Espaço Cultural Bunkyo, que está sendo completamente remodelado com recursos captados por meio da Lei de Incentivo Cultural (Lei Rouanet), deverá abrigar, futuramente, além das salas de atividades culturais, uma cozinha para aulas de culinária japonesa.
Entre os antigos frequentadores do Bunkyo foram unânimes as manifestações elogiosas para a reforma feita no subsolo que antes sediava o escritório e ambulatório da Beneficência Nipo-Brasileira.
Outra novidade foi o Campeonato de Hashi, coordenado pela Comissão de Jovens, com prêmios oferecidos pela Sakura Alimentos. Os desafiantes tinham três rodadas para pegar o maior número possível de grãos crus de feijão e colocá-los na tigela.
O desafio envolveu participantes de todas as faixas etárias (alguns jovens chegaram a vencer desafiantes de mais velhos e usuários costumeiros dos “dois palitos” em suas refeições), bem como a disputa entre integrantes das turmas que visitavam o evento.
Foi um campeonato que animou a moçada, tanto que os organizadores, no meio do domingo, tiveram de providenciar mais prêmios para atender à demanda de novas rodadas.
Em matéria de jogos, também destacamos a presença dos orientadores de gô e shogui que estiveram todo o tempo dando as informações sobre as regras e ensinando a jogar.
Num setor mais calmo, os interessados puderam aprender mais sobre soroban e etiqueta japonesa. Destaque ainda para o grupo do Projeto Kaeru que fez sucesso com as oficinas de kumihimo (técnica japonesa de produzir cordões trançados).
Cerimônia de chá e shodô
Em contraste com os barulhentos participantes do Campeonato de Hashi, o 2º andar do Edifício parecia um ambiente de meditação.
De um lado, o público acompanhava atentamente, em silêncio, a performance dos mestres no preparo de cerimônia de chá. Uma oportunidade para compartilhar com o anfitrião a tranquilidade deste ritual coroado com a degustação do okashi (doce) e chá verde.
Do outro lado, uma mesa coletiva para aprender e praticar os princípios básicos do shodô sob as orientações do professor Wakamatsu e sua equipe.
Na parede, ao redor dessa sala improvisada, as obras produzidas por vários mestres dessa arte caligráfica.
Ginástica e dança para terceira idade
Um espaço dedicado à terceira idade foi montado no 1º andar oferecendo duas oficinas: a Dança Sênior e Iki-Iki Taissô.
O público, chamado pela música alegre da Dança Sênior e acabava se envolvendo nas animadas evoluções demonstradas pelas orientadoras.
Já ginástica Iki-Iki Taissô com seus exercícios voltados para a movimentação, alongamento do corpo e estimulação da respiração, completava a programação especial. Foi uma oportunidade para estimular a adesão de mais pessoas para essa prática voltada à saúde preventiva do corpo.
Nesse mesmo local também foi montada a exposição fotográfica “Em Tarde Ser: crônicas, fotos e haikais” – que apresenta depoimentos, testemunhos, confissões e imagens dos residentes do Ikoi-No-Sono, protagonistas do livro homônimo de autoria do escritor Gonçalo Luiz de Melo e fotografia de Luiz Barros Braga.
No Museu, a visitação franqueada
Cerca de 900 pessoas aproveitaram a gratuidade do ingresso para visitar o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil.
Outros quiseram ouvir as previsões e orientações de Teruo Hama em seu cantinho de Horóscopo Oriental. Durante todo o dia, a mesa esteve ocupada por consulentes e as cadeiras de espera também.
As Comissões de Arte Craft e Artes Plásticas também estavam animadas com a elevada presença do público interessado na compra dos objetos produzidos por artistas associados, ou em participar da oficina de cerâmica com a orientação de um ceramista. “Nossa, não sabia que a minha filha era capaz de fazer bichinhos tão bonitos em barro!”, confessou Sayuri, surpresa com a performance da filha de 6 anos de idade.
Restaurante com o chef Shin Koike
Quem veio para apreciar o menu degustação preparado pelo chef Shin Koike não saiu decepcionado. Muito pelo contrário. “Nossa comi demais, todos os pratos estavam muito saborosos”, foi comentário unânime das 120 pessoas que participaram do Restaurante VIP, no domingo.
O chef Shin Koike, como acontece há três edições do Bunka Matsuri, convida seus amigos dos restaurantes e juntos (voluntariamente), participam dos preparativos para o restaurante.
Em matéria de culinária japonesa, a Praça de Alimentação esteve rica em opção e provocou arrependimento naqueles que almoçaram antes de visitar o Bunka Matsuri.
Só para citar alguns dos pratos: além do famoso yakisoba, o público pôde apreciar a culinária feita com o bife de kobe, teishoku de sanma, lamen com tempero variados, takoyaki, okonomiyaki no estilo Hiroshima, entre outros. Destaques também para o tempurá de sorvete, deliciosos bolos e o disputadíssimos choux cream.
Na Praça de Alimentação, a novidade foi o “Chá da Obaatian”, produzido artesanalmente por uma senhora de 84 anos de idade, na cidade de Registro, o berço do chá preto.
Show de música e dança japonesa e Desfile de Kimonos
Como em todas as edições, o outro ponto concorrido no Bunka Matsuri foi a apresentação artística no palco do Grande Auditório, com uma extensa programação de shows envolvendo diversos setores artísticos, esportivos da comunidade nipo-brasileira.
Nesta edição, também foram realizadas demonstrações de artes marciais (como aikidô, kendô e karatê) e de outros grupos tais como kenko taissô, street dance e matsuri dance.
Mas, a novidade que despertou a curiosidade do público foi o Desfile de Kimono, que fez sua estreia neste Bunka Matsuri. Ao todo foram 16 moças, incluindo duas crianças, que, no sábado, desfilaram no palco do Grande Auditório. A maioria delas não conseguiu esconder o nervosismo pela responsabilidade de exibir este traje símbolo do Japão. No entanto, isso não atrapalhou em nada o sucesso desta empreitada.
A 10ª edição do Bunka Matsuri foi patrocinada pela Fundação Kunito Miyasaka, Sakura, Sumirê, NK Contabilidade, Vis Engenharia, Fast Shop, Hatiro Shimomoto, Hélio Nishimoto, Kazusuke Nakamura, Ikesaki Cosméticos, Kikkoman e Korin.
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