Depois de exatamente 13 anos de sua fundação, a Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil formalizou sua dissolução em cerimônia realizada na tarde do dia 1º de setembro, no Salão Nobre do Bunkyo.
A Assembleia Geral de constituição da entidade aconteceu no dia 13 de setembro de 2003, com a presença de representantes de mais de 50 entidades, além de outras pessoas interessadas em participar da comemoração.
De acordo com seu estatuto, a Associação tinha como finalidade planejar, organizar, realizar, apoiar e coordenar atividades e eventos comemorativos ao 1º centenário da imigração no Brasil, incentivando a integração sociocultural dos japoneses e descendentes à sociedade brasileira, privilegiando a divulgação da cultura japonesa no Brasil e da cultura brasileira no Japão e promovendo o intercâmbio social, cultural e econômico entre os dois países.
Estiveram presentes na cerimônia de dissolução cerca de 30 pessoas, entre elas aquelas que protagonizaram a condução da entidade, tais como Kokei Uehara, Kazuo Watanabe, Tuyoci Ohara, Renato Nakaya, Léo Ota, ou ainda, novos personagens que foram se somando ao longo dos anos após a comemoração do Centenário.
Entre os presentes, o cônsul-geral do Japão, Takahiro Nakamae, o quinto cônsul-geral desde a fundação da Associação, quando o posto de cônsul-geral era ocupado por Hiroshi Ishida, que foi sucedido por Masuo Nishibayashi, Kazuaki Obe e Noriteru Fukushima, respectivamente.
O professor Kokei Uehara, que foi presidente da administração colegiada da Associação do Centenário e, ao mesmo tempo, presidente do Bunkyo; em sua mensagem destacou que a entidade “sem dúvida, cumpriu os seus objetivos, pois analisou e aprovou mais de 300 projetos comemorativos do Centenário da Imigração Japonesa; realizou inúmeros eventos culturais, esportivos e sociais, sob sua responsabilidade e coordenação direta ou em parceria com outras entidades com grande sucesso e repercussão”.
Durante sua saudação, ressaltou a “grande celebração” realizada no Sambódromo em 21 de junho de 2008, com a presença do príncipe herdeiro Naruhito, bem como a Semana Cultural Brasil-Japão no Palácio das Convenções que, segundo ele, “foi considerada a maior manifestação da arte japonesa já realizada fora do Japão”.
Disse ainda que a Associação também se “preocupou em deixar como precioso legado às gerações vindouras importantes registros históricos documentados em livros”. Apontou as seguintes publicações: “Cem Anos da Imigração Japonesa no Brasil através de Fotografias” (bilíngue, em 2008); “Centenário: Contribuição da Imigração Japonesa para o Brasil Moderno e Multifuncional” (vários autores, coordenação de Kazuo Watanabe, em 2010); “Sob o Signo do Sol Levante” (vol. 1, de 1908-1941, de Shozo Motoyama, 2011) e “Do Conflito à Integração” (vol. 2, de 1941-2008, de Shozo Motoyama e Jorge Okubaro, 2015).
Também foram publicados, em língua japonesa, sob a coordenação de Osamu Matsuo, a coleção “Brasil Nihon Imin Hyakunenshi” (Brasil-Japão, História Centenária da Imigração), com cinco volumes.
Em sua fala, o presidente Uehara relatou que a dissolução da Associação foi aprovada em Assembleia Geral Extraordinária, em 26 de julho de 2016, e que o eventual ativo remanescente deverá ser destinado ao Instituto Brasil-Japão de Integração Cultural e Social, entidade parceira nos projetos executados com os recursos da Lei Rouanet (evento no Sambódromo, Semana Cultural do Japão e edição dos livros em português).
Na parte dos agradecimentos, disse ele, “na impossibilidade de nominar todos aqueles que contribuíram para a realização”, permitiu-se “uma exceção a essa regra”, para colocar o “agradecimento à generosidade de Yoshio Muranaga”, proprietário da IPC World Inc.
Assim, o professor Uehara encerrou sua saudação destacando o “privilégio de presidir” a Associação e acrescentou “posso afirmar que foi uma honra muito grande ter participado desta celebração e declarar minha confiança nos novos protagonistas para a continuidade desta maravilhosa história”.
Na sequência, a saudação da presidente do Bunkyo, Harumi Arashiro Goya, que fez questão de lembrar as próprias palavras do professor Uehara: “com propriedade, destacava que as comemorações do Centenário elevaram a autoestima dos nipo-brasileiros, seja perante o Brasil, seja perante mundo”. Acrescenta, “de fato, os eventos ocuparam destaque em toda a mídia, fato que poucas comunidades de imigrantes mereceram”.
“Queria manifestar o nosso reconhecimento a cada um dos membros da Associação do Centenário pela incansável dedicação”, afirmou, acrescentando: “tenho certeza de que, graças ao esforço e à união de todos, pudemos realizar uma festa que não só elevou a nossa autoestima, como também deixou nossos antepassados orgulhosos com o sucesso da comemoração”.
O cônsul-geral do Japão, Takahiro Nakamae, por sua vez, afirmou que o Centenário “deixou um legado importante, quando em 2008, quase 390 eventos foram realizados na comunidade nipo-brasileira e, só no Estado de São Paulo, 23 prefeituras municipais realizaram homenagens especiais ao Centenário”.
Lembrou ainda do “acontecimento memorável” da comemoração ocorrida em 24 de abril de 2008, em Tóquio, com a presença do casal de imperadores e do príncipe herdeiro.
“Terminado o trabalho desta Associação, agora compartilhamos um patrimônio, um memória que sempre recordaremos e, por isso, nossos calorosos agradecimentos a todos os membros”, finalizou o cônsul-geral Nakamae.
Depois, o tesoureiro Nagato Hara fez uma breve apresentação sobre a prestação de contas e explicou que os R$ 3.542,00 existentes no caixa serão usados para as despesas de encerramento da entidade e, o restante, será destinado ao Instituto Brasil-Japão de Integração Cultural e Social.
Ao final da cerimônia, que foi conduzida por Léo Ota, todos os presentes foram convidados para subir ao palco. Então, sob a condução do presidente do Enkyo, Yoshiharu Kikuchi, todos brindaram o encerramento das atividades com champagne gelado Terranova.