Concorrida homenagem aos condecorados de outono

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01Aproximadamente 200 pessoas participaram, na noite do dia 14 de dezembro, da homenagem da comunidade nipo-brasileira aos seis Condecorados de Outono do governo japonês. O evento realizou-se no Salão Nobre do Bunkyo e reuniu, além dos familiares e amigos dos homenageados, os representantes das 34 entidades copromotoras.

02Os condecorados Kihatiro Kita (com a Ordem do Sol Nascente, Raio de Ouro com Roseta), José Kiyoshi Taniguchi e Osamu Matsuo (ambos com a Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro e Prata), Massao Shinohara e Sadao Onishi (Ordem do Sol Nascente, Raios de Prata) receberam a honraria na tarde do dia 14 de dezembro na residência oficial do cônsul-geral do Japão em São Paulo, e à noite aconteceu a homenagem promovida pela comunidade nipo-brasileira.

03Também participou da homenagem o ministro Massami Uyeda, do Superior Tribunal de Justiça, condecorado com a Ordem do Sol Nascente, Estrela de Ouro e Prata, que receberá sua condecoração no próximo ano, em janeiro, na Embaixada do Japão em Brasília.

Na abertura da cerimônia, a presidente do Bunkyo, Harumi Arashiro Goya, representando as entidades copromotoras, destacou que “dos 11 condecorados de outono do Brasil, seis deles são residentes em São Paulo, fato que nos deixa muito gratos pelo reconhecimento do Japão em relação à atuação e contribuição à sociedade brasileira e ao intercâmbio Brasil-Japão de representantes de nossa comunidade”.

04A presidente Harumi lembrou que três personalidades são destaques em sua área específica: Dr. Massami Uyeda, filho de imigrantes japoneses, nascido em Lins, conquistou admiração como jurista e foi o primeiro nikkei a galgar o respeitoso cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça. Coronel José Kiyoshi Taniguchi, autoridade no setor da Polícia Militar, foi bolsista da JICA ao Japão e destacou-se pelo incremento no intercâmbio Brasil-Japão. Mestre Masao Shinohara, um dos judocas mais graduados do Brasil, que conquistou pelo menos quatro medalhas olímpicas: Ouro e Bronze com Aurélio Miguel, Prata com Carlos Honorato e Bronze com Luiz Onmura. Símbolo de educação e liderança no judô, ele foi técnico da seleção brasileira, cargo que hoje ocupa seu filho, Luiz Shinohara.

05Os outros três condecorados, continuou a presidente, são personalidades que tiveram seu reconhecimento graças à atuação voluntária junto a diversas entidades nipo-brasileiras, entre elas, o Bunkyo: Dr. Kihatiro Kita, dedicado às atividades da Associação Cultural e Esportiva Saúde e Casa da Esperança – Kibo-no-Iê, presidente do Bunkyo durante seis anos; Osamu Matsuo, integrante da atual diretoria, destacou-se nas atividades do Kenren e nos preparativos das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, atuando efetivamente como o grande diretor executivo dessa Comemoração. Já o sexto condecorado, Sadao Onishi, além da Associação de Província de Hyogo, um assíduo colaborador do Pavilhão Japonês do Parque Ibirapuera e atuante junto ao Enkyo.

06Já a cônsul-geral adjunta Hitomi Sekiguchi, em sua saudação, destacou a “oportunidade de poder compartilhar este evento de significativa importância”. Reconheceu ainda que os condecorados “dedicaram suas vidas para o progresso da comunidade”, como também “para o incansável trabalho para a construção do intercâmbio Brasil-Japão”. Finalizou dizendo que “deseja que muitos sigam o exemplo dessas personalidades para o engrandecimento desse intercâmbio”.

A saudação dos condecorados

07O primeiro convidado a fazer sua saudação foi Sadao Onishi, que fez um breve resumo de suas atividades profissionais desde que chegou ao Brasil em 1958, aos 25 anos de idade, e disse estar muito feliz com a condecoração.

Ao final ressaltou que, se a comenda tem o significado do “gokurousama” (gratidão pelo esforço e dedicação) por parte das autoridades japonesas, de certa forma, “também é uma responsabilidade para continuar com mais afinco a nossa atuação”.

08O mestre Massao Shinohara contou que iniciou o aprendizado do judô em 1940, aos 15 anos de idade, mas o professor logo retornou ao Japão devido a Segunda Guerra. Recomeçou em 1947, com o professor Ryuzo Ogawa, um dos responsáveis pela introdução do judô no Brasil. E sua academia, berço da formação de alguns campeões olímpicos brasileiros, construída na Vila Sônia, na capital paulista, foi montada graças à colaboração da família Tatsumi.

09Osamu Matsuo, contou que chegou ao Brasil em 1955 e, em 1959, entrou para o Banco América do Sul onde permaneceu por 43 anos (no banco e depois na Cia. de Seguros Yasuda). “Depois de aposentado, tenho atuado como servo da sociedade, atuando como voluntário, primeiramente na Aliança Cultural Brasil-Japão, Bunkyo, Kenren, Associação para Comemoração do Centenário e atualmente faço parte da diretoria do Bunkyo”, destacou Matsuo.

10“Nesta minha vida de 61 anos no Brasil, muita gente me ajudou, me apoiou, e seria impossível agradecer para cada uma dessas pessoas”, afirmou, completando que pretende continuar “lutando pela sociedade porque entendo que esta comenda, não é somente pelo que fiz, mas que ainda tenho algo a contribuir para a sociedade”. E, finalizou: “para isso conto com a orientação de todos para continuar nesta missão”.

O Coronel José Kiyoshi Taniguchi, que fez sua saudação em japonês, agradeceu a presença de todos e afirmou que estava “muito feliz com a condecoração” e ressaltou que “nunca achou que pudesse receber uma condecoração do Japão e, sinceramente, levei um susto quando recebi a notícia”.

11Agradeceu os amigos, família e sociedade, bem como os amigos da Polícia Militar, ao Consulado Geral do Japão em São Paulo, JICA – Japan International Cooperation Agency e Polícia Militar do Japão. Conta que, como bolsista da JICA, ficou muito sensibilizado com sua estada no Japão, ocasião em que buscou alguma forma de contribuir para o intercâmbio Brasil-Japão.

Kihatiro Kita, também muito emocionado com a condecoração, contou que “desde pequeno sempre senti muito identificado com a cultura japonesa” e, sempre esteve relacionado a entidades nikkeis, como uma forma de “retribuir o privilégio que tive e continuo tendo na sociedade”.

12Dedicou a todos que “lutaram ombro a ombro” durante esses anos e, ressaltou “serei um simples depositário desta honraria”.

Exaltando que “a gratidão é a memória do coração”, o ministro Masami Uyeda manifestou seus agradecimentos por ter sido o primeiro nikkei a ocupar o cargo junto ao Superior Tribunal de Justiça, “conquista que não é somente pessoal, mas representa um reconhecimento que o Brasil dá à comunidade japonesa”. Destac0u que “durante sete anos tive a ventura e felicidade de ser juiz dessa casa de justiça”.

13Manifestou sua imensa honra e satisfação por ter sido condecorado com a mais alta honraria da Ordem do Sol Nascente, instituída em 1875 pelo Imperador Meiji para agradecer os feitos de japoneses e estrangeiros.

Lembrou que Kunito Miyasaka (fundador do Banco América do Sul) recebeu esta condecoração pós mortem, como também Gustave-Émile Boissonade, professor francês que permaneceu no Japão de 1873 até 1895, contratado como consultor junto ao Ministério da Justiça na elaboração das leis modernas do país. Nessa lista consta ainda o nome de Noguchi Hideyo, médico e bacterologista japonês considerado um dos mais respeitados do século 20, descobridor do antídoto para picada de cobras, do agente patógeno da sífilis e pesquisador da febre amarela.

14Após as saudações, seguiu-se uma sessão de homenagem às esposas dos condecorados com a entrega de buquê de flores: Emiko Uyeda, Anália Kita, Márcia Tomiko Taniguchi, Yukiko Shinohara, Rosa Matsuo e Tereza Onishi.

Na ocasião, o condecorado Kihatiro Kita também recebeu das mãos da mestre Somi Ikeda um buquê de flores em nome do XV Grão-Mestre da Escola Urasenke de Cerimônia de Chá que, esteve no Brasil em 2014 (quando Kita ocupava o cargo de presidente do Bunkyo), para participar da comemoração dos 60 anos de fundação da Escola Urasenke do Brasil e também da construção do Pavilhão Japonês do Parque Ibirapuera.

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