Exposição: Tomoo Handa, 100 anos de Brasil

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cartaz tomoo handa-redCelebrando os 100 anos da chegada de Tomoo Handa ao Brasil, entre os dias 10 a 22 de outubro será realizada uma exposição de suas pinturas no MHIJB – Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, na capital paulista.  “Ninguém melhor do que Handa registrou o viver do imigrante em nossa zona rural”, ressalta a Comissão de Administração do MHIJB.

Segundo os organizadores, Handa era “dotado de extraordinária sensibilidade, e sendo ele próprio imigrante, elegeu como uma de suas missões contar através da pintura e em textos a busca de adaptação e progresso dos seus conterrâneos pioneiros”.

Entretanto, suas telas não se limitaram a este grupo e outras obras retrataram cenas da vida brasileira, “captadas em suas andanças pelo país afora, como as que estarão expostas”.

Além de um autorretrato, a exposição reúne outras 26 pinturas a óleo, datadas entre 1942 e 1978, onde aparecem: desbravadores e trabalhadores da Amazônia, um mercado de Manaus, um cortejo fúnebre, a mudança de caipira, uma carregadora de água, homens limpando arroz, a cultura de hortaliças, a lavadeira no rio, enfim, o cotidiano daqueles tempos difíceis. O acervo do museu abriga grande parte dos quadros doados por Tomoo Handa, que foi um dos fundadores do MHIJB.

“Queremos prestar uma singela homenagem ao insigne pintor pelo transcurso, neste ano, dos 100 anos de sua chegada ao Brasil”, destaca a Comissão de Administração do MHIJB.

Pintor, escritor e professor, Tomoo Handa também foi um dos principais intelectuais da colônia japonesa e escreveu O imigrante japonês (1987), livro referência sobre a história da imigração.

Segundo a professora e museóloga, graduada em Artes Plásticas e mestre em Artes, Ciça França Lourenço, “Para ele, a paisagem lhe fala e ele a revivesce em suas telas. Pintor de cores claras, porque conclui não ser um homem trágico, afirma que nem mesmo a guerra e os inúmeros problemas sociais pelos quais passou, tiveram influência sobre sua obra. Há 70 anos no Brasil, brasileiro por livre arbítrio, acredita que o estilo japonês o visita em termos de suavidade e sutileza, mas a inspiração está mesmo na natureza, nas formas. Tantos anos se passaram desde a primeira obra vendida e o seu singelo lirismo continua em flor: ‘Meus quadros continuam os mesmos, como eu. ‘A pincelada e o cromatismo são cuidadosamente elaborados, não faltando um acento oriental pelo rigor técnico e a transparência da massa empregada, que o caracterizam como um componente profissional desse ofício. Os temas da natureza regem sua intenção, comunicando-lhe atalhos e fontes inesgotáveis; com muita sabedoria sabe ouvir estes conselhos”. (LOURENÇO, Ciça França. In: Na arte da colônia japonesa no Brasil. São Paulo: MASP, 1988).

Exposição: Tomoo Handa, 100 anos de Brasil
Inauguração: 10 de outubro, terça-feira, às 19h
Período: de 11 a 22 de outubro de 2017
Visitação: de terça-feira a domingo, das 13h30 às 17h
Local: Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil
Rua São Joaquim, 381 – Liberdade – São Paulo – SP
Entrada: R$ 10,00
Informações: (11) 3209-5465

TOMOO HANDA

Nasceu em 1906, na cidade de Utsunomiya, em Tochigi (Japão), e imigrou para o Brasil com a família, em 1917, aos 11 anos de idade, para trabalhar na lavoura de café da fazenda Santo Antônio, em Botucatu.
Em 1921, foi para São Paulo estudar e trabalhar e iniciou sua formação artística na Escola Profissional do Brás; depois na Escola de Belas Artes, onde recebeu orientações de Lopes de Leão.
Esteve no 1º Salão Paulista de Belas Artes, em 1934, e no ano seguinte fundou com outros artistas o Grupo Seibi (1935), que promovia a troca de experiências e estimulava debates artísticos entre pintores nipo-brasileiros.
Em 1936, realizou sua primeira mostra individual no Nippon Club. Neste mesmo ano foi reconhecido fora da comunidade nipo-brasileira e recebeu a menção honrosa no Salão Paulista de Belas Artes. A convite de Mário de Andrade, em 1937, participou no 1º Salão de Maio. Em 1938, houve a 1º Mostra do Grupo Seibi.
Também realizou mostra individual na Galeria Domus, em 1948, e integrou, em 1949, o Grupo 15 ou Grupo Jacaré, outro grupo de artistas de descendência japonesa.
De 1950 a 1959, integrou o Guanabara e suas cinco exposições coletivas realizadas na Galeria Domus, em São Paulo.
Também participou da 1ª Bienal Internacional de São Paulo e do 1º Salão Paulista de Arte Moderna, ambos em 1951; e do 1º Salão Nacional de Arte Moderna (Rio de Janeiro), em 1952. No mesmo ano, foi um dos realizadores do 1º Salão de Arte da Colônia Japonesa (São Paulo).
Nos anos 1960 realizou exposições nos Estados Unidos e no Japão. Em 1988 e 1989, realizou exposição itinerante “Herança do Japão” por todo o Brasil. Nos anos 1990 realizou mais algumas exposições no Japão.
Faleceu aos 90 anos, em Atibaia, no interior de São Paulo, em 1996. Foi pintor, professor e escritor, tendo entre suas contribuições aos registros históricos o livro “O imigrante japonês – história de sua vida no Brasil” (1987).

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