A participação do Brasil na 58ª Convenção dos Nikkeis e Japoneses no Exterior

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harumi goya redNos dias 22 a 25 de outubro de 2017 foi realizada a 58ª Convenção dos Nikkeis e Japoneses no Exterior, em Tóquio (Japão). O evento trouxe como tema central “Reunindo a força nikkei para TOKYO 2020!” e contou com a participação de 248 pessoas de 19 países.

Nos critérios desta Convenção, nikkei do exterior é definido como aqueles que saíram do Japão e residem no exterior com o objetivo de viver definitivamente em cada país, incluindo seus descendentes da segunda, terceira, quarta e demais gerações, independente da sua nacionalidade ou origem.

Assim, este é um grande encontro dos nikkeis que residem tanto no exterior quanto no Japão, no qual relatam ao Japão a situação de seu país e que tem como intuito intensificar o intercâmbio, a compreensão e amizade internacional, bem como promover a compreensão com relação ao Japão.

recepcaoNo ano passado, a presidente do Bunkyo, Harumi Arashiro Goya, foi a representante dos participantes do evento e fez uma palestra (Os caminhos da comunidade nikkei e do intercâmbio Brasil-Japão). Nesta 58ª edição, outro integrante da comitiva do Brasil ocupou o posto: Yasuo Yamada, presidente do Kenren, foi quem falou em nome dos participantes no momento do brinde na recepção de boas-vindas do evento.

Neste ano, a presidente Harumi apresentou na reunião do Subcomitê de Colaboração com a Sociedade Nikkei – Seção de Esportes e Cultura o tema “110 anos da imigração japonesa no Brasil”, ressaltando o projeto que ficará como legado para a comunidade nikkei e sociedade brasileira, resultado das atividades desta comemoração.

Como acontece anualmente, ao final de cada Convenção é apresentada uma declaração que sintetiza os debates e que nesta edição delibera sobre sete itens:

1 – esperamos mais esforços do governo japonês para a cooperação com a comunidade nikkei,
2 – propomos uma nova cooperação no âmbito do esporte, tendo em vista os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio,
3 – a comunidade nikkei do exterior continuará divulgando a cultura japonesa,
4 – exigimos a utilização de nikkeis como estratégia de negócio e na cooperação internacional do Japão,
5 – a juventude nikkei irá criar novas redes e se tornar a ponte de ligação com o Japão tendo em vista Tokyo 2020,
6 – solicitamos uma consideração suficiente para a concessão de novo visto aos yonseis. Solicitamos também o reconhecimento da múltipla cidadania e
7 – na ocasião da comemoração de 150 anos de migração japonesa ao Havaí, no ano que vem, reconfirmaremos o legado da comunidade nikkei para transmiti-lo às próximas gerações.

Leia a declaração na íntegra (clique aqui).

Em 2018, serão comemorados os 150 anos da Restauração Meiji e da migração japonesa ao exterior – que foi iniciada com a migração em massa ao Havaí. Por esse motivo a 59ª Convenção dos Nikkeis e Japoneses Residentes no será realizada nesse país.

Associação de Nikkeis e Japoneses do Exterior – história e atividades
(com adaptações dos textos publicados em: Anais do Simpósio Internacional do CIATE – 2015)

katsuyuki tanaka redKatsuyuki Tanaka (ex-embaixador e ex-cônsul-geral do Japão em São Paulo), atual presidente da Associação Kaigai Nikkeijin Kyokai – Associação de Japoneses e Nikkeis Residentes no Exterior, nos últimos anos tem vindo ao Brasil participar do Simpósio Internacional promovido pelo CIATE – Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior.

Nessas ocasiões, como convidado especial, tem discorrido sobre as atividades da associação que preside, bem como sobre questões relacionadas aos trabalhadores nikkeis no Japão.

Baseado nas informações das palestras feitas pelo presidente Tanaka, montamos um texto sobre a fundação da Associação e a Convenção que se realiza anualmente.

Como é do conhecimento dos senhores, entre os anos de 1946 e 1952, existia uma organização chamada LARA – Licensed Agencies for Relief in Asia, surgida graças aos esforços dos nikkeis dos Estados Unidos como forma de apoio à Ásia, principalmente ao Japão, que estava totalmente devastado após a Segunda Guerra Mundial. Para simplificar, esta organização cuidava dos suprimentos de emergência.

Esses suprimentos foram entregues ao Japão de 1946 a 1952, cujo valor, pelos cálculos da época, foi o equivalente a 40 bilhões de ienes. Desses 40 bilhões, aproximadamente 20%, ou seja, 8 bilhões, foram enviados pela comunidade nikkei e seus descendentes, não apenas dos EUA, mas também da América Latina.

Naquela época, o câmbio da moeda era muito complicado, e somente os políticos podiam sair do país. Mas esses políticos, interagindo com os nikkeis no exterior, perceberam que eles estavam enviando apoio mesmo enfrentando uma situação difícil, o que os comoveu.

Em 1956, o Japão tornou-se membro da ONU. E, em 1957, os parlamentares japoneses decidiram realizar a confraternização reunindo nikkeis no exterior como homenagem a esta adesão. A partir de então, seria necessária uma secretaria geral, e foi utilizado o Escritório de Comunicação dos Nikkeis do Exterior, que, posteriormente, passou a ser denominado Associação de Comunicação com os Nikkeis no Exterior. Para que esta secretaria atuasse dali em diante foi renomeada Associação Kaigai Nikkeijin Kyokai (Associação dos Nikkeis e Japoneses no Exterior).

O ponto mais importante é que a nossa Associação Kaigai Nikkeijin Kyokai surgiu a partir do sentimento de gratidão dos japoneses pelo envio de suprimentos por meio da LARA. É importante que todos se lembrem disto.
Como já dito, refletindo sobre a nossa história, para nós da Associação Kaigai Nikkeijin Kyokai, a Convenção de Nikkeis e Japoneses no Exterior é uma das atividades mais importantes.

Na Convenção, como regra, terá presença a Família Imperial. Nos anos múltiplos de dez estarão presentes suas majestades o Imperador e a Imperatriz; nos múltiplos de cinco, por exemplo, 55º ou 45º; o Príncipe Herdeiro. Em outros anos, estão presentes os outros membros da Família Imperial. São muito raras as Convenções nas quais não houve a presença de algum membro. Com isso, acredito que podem avaliar o grau de consideração que a Família Imperial atribui aos nikkeis residentes no exterior.

A recepção da Convenção é sempre oferecida pelo ministro dos Negócios Exteriores, e é oferecido o almoço por ambas as Casas do Parlamento. Isto certamente transmite a importância que o governo ou o Parlamento japonês dá a esta Convenção.

Sobre as nossas atividades, de forma geral, nosso trabalho pode ser categorizado em atividades subordinadas e independentes. As primeiras seriam aquelas atividades de auxílio encaminhadas por órgãos como JICA, Ministério da Saúde, do Trabalho e Bem-Estar Social ou Nippon Foundation. É bastante comum que estes órgãos tenham o intuito de realizar um projeto, mas não possuem mão de obra suficiente. Nós prestamos este auxílio.

Atualmente, no caso da JICA, participamos de licitações públicas, e na situação em que há muitos concorrentes, temos de despender muitos esforços para garantir o projeto. Mas, de qualquer forma, cooperamos com a JICA e apoiamos também os serviços dos outros ministérios do Japão. Este é o tipo de atividade subordinada e em geral os envolvidos, seja a JICA ou órgãos governamentais, estes nos disponibilizam os recursos financeiros.

Já as atividades independentes estão relacionadas aos objetivos iniciais da associação. Por exemplo, a realização da Convenção, com certeza é de nossa competência. Além disso, os empreendedores e assalariados que vêm para o Japão enfrentam muitas dificuldades e precisam de aconselhamento. Atender a essas pessoas e oferecer lugar para acolhê-las é também um dos nossos trabalhos. Porque os realizamos com nossos próprios recursos, configuram-se como atividades independentes. E esta é uma das dificuldades que enfrentamos.

Confira o calendário de eventos completo