Livros de Makoto Tanaka doados à Biblioteca do Bunkyo

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01“Foram cerca de cinco anos de assistência total por conta de seus problemas de saúde”, conta Dra. Nilce Sakata, relembrando de seu marido, Makoto Tanaka, falecido no último dia 10 de outubro.

No dia 10 de janeiro, pela manhã, ela cumpriu o que considerou uma das últimas providências em memória de Tanaka, com quem viveu 40 anos. Encaminhou, em doação, 1.534 livros que pertenciam a ele à Biblioteca do Bunkyo – em sua grande maioria, exemplares adquiridos no Japão.

“Nós íamos, nos últimos anos, pelo menos duas vezes ao Japão”, conta, acrescentando que o programa predileto de Tanaka era “se perder” na livraria Maruzen, uma das maiores do Japão, localizada na região central de Tóquio. “Eram praticamente dois dias que ele se dedicava aos passeios pelos livros e eu, enquanto isso, aproveitava para fazer minhas compras nas lojas próximas”, relembra Nilce, afirmando que, no retorno ao Brasil, pelo menos uma das malas vinha carregada de livros recém-adquiridos.

De volta a São Paulo, Makoto Tanaka dedicava-se pacientemente à leitura de seus livros, dividindo outra parte de seu tempo com a consultoria e as atividades sociais voluntárias.

Makoto Tanaka e o Brasil

03Makoto Tanaka chegou ao Brasil aos 45 anos de idade, em 1973, como representante do Sanwa Bank. Nascido em 31 de março de 1928, na província de Yamanashi, era formando em Economia pela Universidade de Tóquio.

Sua carreira no Sanwa Bank vai até 1979, passando depois a atuar como diretor executivo da Bradesco Investimentos. Em 1985, seguiu para a Delloite Consultoria e Auditoria permanecendo até 1994, quando se aposentou. Em seguida, fundou a Libercon Business Consulting Ltda.

Em 1998, pela editora Nihon Tosho Kankoukai, lançou o livro “Chikyu no Hantaigawa Kara Mita Nihon” ( O Japão visto pelo lado contrário do planeta).

De 2003 até 2009 exerceu a presidência da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, entidade em que ocupou também a presidência do Departamento de Consultor, Conselho Fiscal, foi diretor gerente e vice-presidente. Também atuou como vice-presidente da Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Em 2009 também fez parte da diretoria do PL Golf Club.

Em 2011, ele foi um dos condecorados de Outono do governo japonês com a Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro e Prata.

Tanaka decidiu fixar residência no Brasil, mas mantinha contato amiúde com o Japão e seus familiares. Na programação da viagem sempre retornava à Yamanashi, sua terra natal, e passava alguns dias com parentes, instalado na casa onde nasceu eu cresceu. “Era como recarregar as baterias”, afirma Nilce.

Numa dessas viagens, em 2003, chegou a comprar o túmulo onde queria que suas cinzas fossem depositadas. “Um local aprazível que tem como fundo o Monte Fuji”. Aliás, foi numa dessas viagens de retorno ao Japão que ele faleceu depois de permanecer internado durante uma semana num hospital de Houston. “Ele estava muito animado por estar indo para sua terra natal e isso, de certa forma, me conforta do sufoco que passei com o mal súbito dele”, revela Nilce.

02Sobre a doação dos livros, ela conta que ficou em dúvida sobre o destinatário, mas acabou optando pelo Bunkyo ao lembrar que, meses antes (25 de agosto), o próprio Tanaka tinha doado 728 livros de bolsos que possuía à entidade.

“Não leio em japonês, para mim não terá utilidade, mas certamente numa biblioteca, esses livros adquiridos e conservados com muito zelo por ele, estarão cumprindo o papel primordial de difusão do conhecimento a todos e, tenho certeza, Makoto Tanaka irá concordar com isso”.

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