Comunidade nipo-brasileira pede apoio para preservação de sua história no Vale do Ribeira

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registroRepresentantes de associações nipo-brasileiras da região do Vale do Ribeira estão buscando apoio de outras entidades para pedir às autoridades que a Prefeitura Municipal de Registro retome as obras do prédio que irá abrigar o Memorial da Colonização Japonesa do Vale do Ribeira, que se encontram suspensas.

No dia 8 de fevereiro, representantes da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Registro e da ACER – Associação Cultural e Esportiva de Registro visitaram a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Bunkyo para tratar deste assunto.

Durante a visita foi afirmando irrestrito apoio à causa, registrado em duas cartas: uma do Bunkyo, assinada pela presidente Harumi Arashiro Goya, e outra do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, assinada pelo presidente Roberto Nishio e vice-presidente Lídia Yamashita. Os documentos engrossam a lista de apoiadores do Memorial, iniciada com associações locais, que agora conta com entidades nipo-brasileiras de representatividade expressiva em nível nacional.

registroAo centro, Satoru Sassaki (diretor do Memorial da Colonização Japonesa do Vale do Ribeira), ladeado à esquerda por Mario Soshin Sakugawa (presidente ACER) e os dirigentes do Bunkyo, a presidente Harumi Goya, os vices Roberto Nishio e Carlos Kendi Fufukara, e o conselheiro Tomio Katsuragawa. À direita por Irineu Makoto Kawajiri (presidente ACNB Registro), Lina Harumi Shimizu (Comissão Técnica de Projetos – ACNB Registro) e os membros do Bunkyo Lídia Yamashita (vice-presidente do Museu), Eduardo Nakashima (secretário-geral administrativo) e o diretor-secretário Celso Mizumoto

Entenda o impasse

Antes, o Memorial da Colonização Japonesa do Vale do Ribeira estava em uma área do Complexo Arquitetônico do KKKK (Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha – a Companhia Ultramarina de Desenvolvimento, empresa japonesa que promoveu junto ao governo do Estado a colonização da região) tombado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Porém, para atender interesses maiores da cidade de Registro, o complexo foi cedido ao SESC e os dirigentes do Memorial desocuparam suas instalações no prédio da KKKK. Agora, aguardam o término das obras (que estão suspensas) do local prometido para abrigar seu acervo de bens históricos e obras de arte, no Parque Beira Rio, que estava previsto para ser inaugurado em 2019 (o mesmo parque que recebe um dos eventos mais tradicionais da comunidade nipo-brasileira de Registro, o Tooro Nagashi).

sesc registroÁrea do Complexo Arquitetônico KKKK, onde atualmente funciona o SESC Registro (Foto: Willian Lopes de Abreu / Imagens Portal SESCSP)

A importância histórica

A presença de japoneses na região do Vale do Ribeira é um capítulo importante da trajetória da imigração japonesa no Brasil porque, diferentemente dos imigrantes que vieram para trabalhar em fazendas de café com o intuito de enriquecer e voltar ao Japão, os que em 1913 foram para a região do Vale do Ribeira se instalaram como pequenos proprietários na Colônia Katsura (Iguape), Sete Barras e Registro. Esta foi a primeira região do Brasil a receber imigrantes japoneses com o objetivo de colonização.

Como desejavam se fixar no país e construir aqui suas vidas, estes imigrantes ajudaram a colonizar a região, aprenderam o idioma e se integraram à sociedade, adaptando-se às condições brasileiras, e compartilhando sua cultura e conhecimentos. Entre suas principais contribuições estão as técnicas de construção em madeira e os conhecimentos em agricultura, bem como a diversificação de cultivos como arroz, frutas e hortaliças, trazendo o morango, o poncã, o caqui, a abóbora japonesa, o pepino, a acelga, etc. No Vale do Ribeira, em especial, destacam-se o cultivo de chá e de banana, introduzidos por japoneses.

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