No último dia 17 de abril, o majestoso Grande Auditório viveu uma tarde musical muito especial, neste momento em que são retomadas as atividades presenciais. Inaugurado em 3 de setembro de 1970, esse local foi batizado como “Auditório Comemorativo da Visita de Vossa Alteza Imperial ao Brasil”, numa referência à visita do então príncipe herdeiro Akihito, em 1967.
A novidade foi a apresentação inédita do japonês Makoto Ozone, um dos melhores pianistas internacionais de jazz.
Combinando talento e desenvoltura adquirida ao longo de quase 40 anos de carreira profissional, durante mais de uma hora, Ozone interpretou variadas composições (incluído as de sua autoria). E, conquistou entusiasmados aplausos da plateia de mais de 400 pessoas.
No público, muitos executivos japoneses acompanhados de seus familiares – entre eles, o cônsul-geral Ryosuke Kuwana e o cônsul Takashi Shishido – que acompanham a carreira do pianista há vários anos. Alguns fãs trouxeram o próprio CD de Ozone para pedir autógrafo do pianista (e conseguiram!).
Muito tranquilo e discreto para um artista de sua fama – nesta curta temporada no Brasil, esteve acompanhado somente do fotógrafo/cineasta, Dan Ogawa, que faz um documentário sobre o pianista – Makoto Ozone fazia breve comentários, em inglês, no intervalo das músicas referente às músicas e sua carreira. Numa dessas passagens, disse “Estou muito satisfeito de me apresentar neste Grande Auditório da comunidade nipo-brasileira”.
Elogios ao piano e acústica do auditório
Nesta breve passagem pelo Brasil, Makoto Ozone apresentou-se no dia 16 de abril, sábado, na Sala São Paulo, no Festival Internacional de Piano – FIP Jazz, com retorno no dia seguinte aos Estados Unidos (onde reside). No entanto, graças às tratativas de Carlos Harasawa (presidente da Comissão de Música Erudita), o pianista aceitou fazer uma apresentação especial na entidade, no domingo, horas antes de seu embarque.
Junto à equipe de produção do Bunkyo, muito nervosismo nos preparativos para receber uma celebridade internacional. No ensaio, a tensão se dissipou (em parte!): Makoto Ozone elogiou o estado de conservação do piano Yamaha. Adquirido pela entidade, em 1971, na ocasião da inauguração do Grande Auditório, ele é da primeira geração de pianos fabricados pela Yamaha visando o mercado externo. Em 2008, por ocasião da comemoração do Centenário da Imigração Japonesa, a própria Yamaha do Brasil foi encarregada de cuidar da restauração.
Makoto Ozone, além do piano, também elogiou a qualidade da acústica do Grande Auditório, oferecendo boas condições para seu concerto.
Makoto Ozone durante o concerto: talento musical e empatia com o público
No momento do tradicional bis, uma surpresa para a plateia: se posicionou, ao lado piano, Shen Ribeiro com seu shakuhachi. Das primeiras notas improvisadas, ambos acabaram entrando na sintonia da “Garota de Ipanema”. Animado, o público pediu novo bis – infelizmente, Makoto Ozone teve de sair apressado para o aeroporto.
Para Shen, um presente no domingo de Páscoa
“Sem dúvida, ele figura como um dos melhores pianistas do Japão”, afirmou Shen Ribeiro. “Como trocas culturais acontecem frequentemente, acabei tocando o bis com ele, sem nenhuma programação ou ensaio”, acrescenta, “e isso foi possível pois ele é um improvisador e como também tenho noções de improviso, ele sugeriu iniciar usando os recursos do shakuhachi e depois sugeri o tema ‘Garota de Ipanema’, tudo isso sem ensaio, foi criado na hora”.
“Foi uma experiencia incrível somar toda informação musical de jazz que ele tem à linguagem do shakuhachi”, continua, “Foi mais uma dose de música brasileira que deu muito certo”.
“Espero, num futuro próximo, tocar mais alguns temas com ele”, destaca Shen Ribeiro, acrescentando que, “além de um pianista virtuoso um ser humano muito gentil e generoso. Foi um lindo presente que recebi neste domingo de Páscoa”.
Makoto Ozone Bunkyo in Concert, realizado pelo Bunkyo – Comissão de Música Erudita, teve patrocínio do Café Fazenda Aliança, Fundação Kunito Miyasaka, Kanaflex, Sansuy e EZTEC e apoio do Consulado Geral do Japão em São Paulo, Jornal Nippon Já e Diário Brasil Nippou.
Fotos por: Marcel Uyeta @marcelterra
