Centro-Oeste promove encontro das gerações nikkeis em Brasília

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Os participantes do 1º Encontro de Gerações Nikkeys do Centro-Oeste


A FEANBRA – Federação das Associações Nipo-Brasileiras da Centro-Oeste, tendo como correalizadora a Embaixada do Japão, organizou no último dia 26 de março, em Brasília, o 1º Encontro de Gerações Nikkeys do Centro-Oeste. O evento reuniu cerca de 95 pessoas, a maioria jovens, representantes de diversas entidades nipo-brasileiras da região.

O evento nasceu da necessidade de intensificar a comunicação e promover a aproximação e diálogo das gerações veteranas com as mais jovens, explica Luiz Nishikawa, presidente da FEANBRA, destacando o convite aos representantes do Comitê Jovem Bunkyo e da Associação Nipo-Brasileira de Goiás para relatar suas vivências.


Presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa (centro) e os palestrantes jovens (da esq. para dir.) Graziela Tamanaha, Kenji Watanabe, Marcelo Hideshima, Marco Tulio Toguchi, Patrícia Takehana e Hugo Teruya


A comitiva do Bunkyo, liderada pelo presidente Renato Ishikawa, reuniu o vice-presidente Marcelo Hideshima, o secretário geral Hugo Teruya, a diretora de Comunicação Patrícia Takehana, e a presidente da Comissão do Jovens Graziela Tamanaha.


Na cerimônia de abertura do 1º Encontro, a presença do monge do Templo Shin Budista, Keizo Doi; presidente da Feanbra, Luiz Nishikawa; embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, coordenador geral Kuniyoshi Yasunaga e presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa


O encontro, que se realizou no San Marco Hotel, em Brasília, iniciou logo de manhã, com a cerimônia de abertura, com a presença do Embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, monge do Tempo Shin Budista Kenzo Doi, presidente do Bunkyo Renato Ishikawa e presidente da FEANBRA Luiz Nishikawa.

Logo após a solenidade, os participantes foram distribuídos em grupos – o Auditório 1 foi destinado aos veteranos, com as palestras do presidente do Bunkyo Renato Ishikawa e Marco Tulio Toguchi, secretário do Conselho Administrativo da Associação Nipo-Brasileira de Goiás (ANBG). No Auditório foram reunidos os jovens para as palestras dos quatro representantes do Bunkyo e de Luiz Felipe Watanabe, atual secretário da ANBG.

Ao final, após o almoço, realizou a plenária com todos os participantes para as considerações finais dos líderes dos grupos.


“As mesmas dificuldades de vocês”

Sobre o ponto central do encontro, a evasão de jovens das entidades nipo-brasileiras, o Presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, destacou: “Nós do Bunkyo encontramos as mesmas dificuldades que vocês têm em suas organizações. Não se intimidem, estimulem os outros a participar junto com vocês. Eu acredito que a gente pode trazer jovens não nikkeis para fazer parte da nossa comunidade, jovens amantes da cultura japonesa”.

Já o vice-presidente do Bunkyo, Marcelo Hideshima, reconhecido por sua liderança na organização do Comitê Jovem, ao se referir sobre sua trajetória junto à entidade, ressaltou: “existe um tempo de maturação, de consolidar um projeto em andamento. É etapa por etapa, as lideranças emergem aos poucos”.

Lembrou que, quando tudo estava parado durante o auge da pandemia, o Bunkyo conseguiu um aumento exponencial de jovens interessados em participar da entidade. “Quando a pandemia chegou, nós já estávamos preparados”, afirma, “E, conseguimos realizar o Bunka Matsuri # Em Casa, o primeiro evento de versão online em meio à pandemia, em maio de 2020, pois tínhamos lideranças qualificadas e condições para isso”, acrescenta.

Já o atual secretário geral do Bunkyo, Hugo Teruya, que foi um dos coordenadores do Bunka Matsuri #Em Casa, evento considerado “um marco na história da entidade”, em sua palestra, referiu-se aos ensinamentos do professor Paulo Freire: “existe a palavra ‘esperança’ do verbo esperar, como também, a ‘esperança’ do verbo esperançar, ir atrás, juntar-se às pessoas que têm o mesmo papel, o mesmo propósito que eu”.

Conta que o evento, em sua versão presencial já estava tudo pronto, tudo ajeitado e, quando chegou a pandemia, “conseguimos rapidamente mudar o formato graças à parceria que encontramos na diretoria do Bunkyo, que nos ajudou a transformar o Bunka Matsuri #Em Casa em um sucesso”.


Preparar as futuras lideranças

Outro tema do evento abordou sobre a necessidade de estimular mais voluntários jovens dispostos a atuar em prol da preservação da cultura japonesa.  De acordo com Marcelo Hideshima, “um dos objetivos do Bunkyo é trazer pessoas para as comissões, prepará-las para consolidar propostas e projetos, pois essas pessoas, no futuro, vão assumir as comissões”.

De um modo geral, as comissões do Bunkyo interagem, cooperam umas com as outras, afirma Hideshima, ressaltando que isso tem atraído mais voluntários de fora para a entidade. “As pessoas percebem que não estão inseridas em uma comissão apenas, mas que podem transitar por várias áreas, e isso gera mais motivação aos voluntários”, garante.

A entidade visa, sobretudo, a integração das pessoas, afirmou a diretora de Comunicação e Marketing Patrícia Takehana em sua palestra. “Nesse sentido, conseguimos superar, no auge da pandemia, a barreira física, quando mantivemos as reuniões das diferentes Comissões, cerimônias e alguns eventos por meio das plataformas digitais”, continua, “são modos alternativos de operar que continuam no nosso cotidiano, haja vista que a pandemia ainda não terminou”.

Conta que o setor de Comunicação da entidade, “foi remodelado em meio ao auge da pandemia”. Cita que, em 2021, foi criado a TV Bunkyo, no YouTube, patrocinada pela JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão) cuja produção teve participação dos membros jovens tanto na apresentação dos programas semanais, quanto nas reportagens.


A gravação da transmissão ao vivo do encontro está no canal do YouTube Bunkyo Digital: https://youtu.be/aJto8BSlLps


Legados do Encontro

Entre os palestrantes dos jovens, destaque ainda para Felipe Watanabe, 21 anos de idade, atual 2º secretário da Associação Nipo-Brasileira de Goiás (ANBG), é o membro mais jovem a assumir um cargo na diretoria da entidade.

Em sua palestra ressaltou a importância do encontro de gerações tomando como exemplo a própria trajetória. “Em 2015, na mesma época em que fui 2º diretor esportivo do Seinem Kai, meu pai foi presidente da ANBG e isso fez parte do meu crescimento como pessoa”, ressalta. Felipe conta que, juntamente com seus irmãos, cresceu na ABNG por influência e insistência dos pais: “Assim como eu me inspirei nas lideranças jovens para entrar no Seinem-Kai, hoje sou uma inspiração para as novas lideranças jovens”.

“A dificuldade geral das associações culturais nipo-brasileiras é manter os jovens”, admite Kuniyoshi Yasunaga, coordenador geral da FEANBRA, um dos responsáveis pela organização do evento e diretor regional do Bunkyo.

Um dos motivos, admite: “aqui, em Brasília, por exemplo, a geração dos idosos tem uma certa dificuldade em delegar responsabilidade e poder aos mais jovens, talvez por mais apego à tradição”.

Nesse sentido, reconhece, tanto o Bunkyo quanto a ANBG, desenvolvem um trabalho bastante acelerado, permitindo que os jovens assumam cargos importantes: “Nossa meta, a partir desse evento é, justamente, promover um trabalho de aproximação entre as duas gerações”, afirma Yasunaga. Animado com a grande participação dos jovens locais que, admite, “irá motivar as entidades”, mas, lamentou: “senti falta dos mais idosos, mas isso faz parte”.

“Há esta dificuldade de renovação nas associações então, como o Dr. Renato, Presidente do Bunkyo me aconselhou, não podemos parar nesse primeiro encontro, em cinco ou seis meses pretendemos organizar um novo encontro para discutir o que conseguimos alcançar nesse sentido”, conclui.

A FEANBRA – Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste, entidade fundada em 1976, é constituída por seis associações filiadas: ARCAG – Associação Rural e Cultural de Alexandre Gusmão (Brazilândia – DF), INCRA – Associação Nipo-brasileira do INCRA (Brazilância – DF), ACENBVB – Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Vargem Bonita (Park Way – DF), AELJB – Associação de Estudos da Língua Japonesa de Brasília (Brasília – DF), ACENP (Associação Nipo-Brasileira de Paracatu – Paracatu – MG) e ANBG – Associação Nipo-Brasileira de Goiás (Goiânia – GO).

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