Autoridades do setor agrícola prestigiam o 51º Prêmio Kiyoshi Yamamoto

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Masanori Ito e Alysson Paolinelli representado por Dr. Manoel Márcio de Souza Barros, com suas placas de homenagem acompanhados de autoridades que prestigiaram o evento.

Na noite do último dia 28 de outubro, o Bunkyo viveu uma concorrida noite de outorga do Prêmio Kiyoshi Yamamoto com a presença de destacadas autoridades do setor agrícola.

O evento, realizado no Salão Nobre, foi transmitido pelo canal do Youtube Bunkyo Digital e contou com a presença de cerca de 90 pessoas que acompanharam a premiação ao ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli (de Minas Gerais) e ao produtor rural Masanori Ito (Santa Catarina).

Ao palco foram convidados o cônsul-geral do Japão Ryosuke Kuwana; representante chefe da Jica Masayuki Eguchi; o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues; secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Francisco Maturro; presidente do Bunkyo Renato Ishikawa; vereador de São Paulo Aurélio Nomura; presidente da Comissão organizadora Nelson Kamitsuji, além dos homenageados Masanori Ito e sua esposa Mineko e Dr. Manoel Márcio de Souza Barros representante do Dr. Alysson Paolinelli.

Cerca de 90 pessoas acompanharam a cerimônia que também teve transmissão digital.

Na plateia, os convidados de Santa Catarina: além dos familiares de Masanori Ito, estavam Yuji Kobayashi, presidente da Associação Cultural Brasil-Japão do Núcleo de Celso Ramos – município de Freio Rogério; Jair da Costa Ribeiro prefeito de Frei Rogério; Itamar Gasparini secretário de Turismo e Cultura e Interino da Agricultura.

Destaque ainda para Marcos Miyasaki, presidente da Coopadap – Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba – Minas Gerais; Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura; Tatiana Monteiro Reis, representante da Anapa – Associação Nacional dos Produtores de Alho (Brasília); Américo Utumi, ex-presidente da Ocesp – Organização das Cooperativas Agrícolas do Estado de São Paulo e ex-diretor da Cooperativa Agrícola de Cotia; Walter Toshio Saito, empresário do Japão conhecido como o “Rei da Cebolinha”; Alfredo Omachi, vice-presidente do Kenren; Yasuyuki Hirasaki, representante da presidência da Sansuy, entre outros.

Nelson Kamitsuji no momento de sua saudação.

“Hoje, por uma feliz coincidência, com intervalo de algumas décadas, esses dois senhores se cruzam no Cerrado Brasil”. Como essas palavras, Nelson Kamitsuji, presidente da Comissão do Prêmio Kiyoshi Yamamoto deu início à cerimônia de outorga.

“O visionário ministro Alysson Paolinelli que, sob liderança, fez o cerrado brasileiro o celeiro do mundo”, continuou Kamitsuji, ao destacar o início do Padap – Projeto de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba, iniciado em 1973, em São Gotardo (MG), juntamente com a Cooperativa Agrícola de Cotia que foi a semente do Prodecer – Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento Agrícola do Cerrado, em 1979.

“Agora, nesse Cerrado tem o alho Ito que representa 60% do alho cultivado no Estado de Minas Gerais e Goiás”, aponta o presidente Kamitsuji, ressaltando que “estamos caminhando para a autosuficiência na produção do alho no Brasil graças à contribuição desse senhor (Masanori Ito) e São Gotardo é o maior produtor de alho do país”.

“Feliz coincidência”, afirma, reunir no dia de hoje, “essas duas figuras que nos enchem de orgulho”.

A cerimônia de outorga que durou cerca de duas horas, teve a apresentação de Alysson Paolinelli por Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura – velho amigo do homenageado. Já Masanori Ito foi apresentado por Izumi Honda, natural de Frei Rogério e conhecida da família.

Paolinelli, ainda superativo aos 86 anos de idade

O presidente Renato Ishikawa  (à esq.) fez a entrega do diploma ao representante do homenageado Alysson Paulinelli, Dr. Manoel Márcio de Souza Barros

“É muito fácil falar para vocês que têm um pouco da vida de Alysson Paolinelli na memória e também no DNA do trabalho de vocês”, afirmou Ivan Wedekin, encarregado de apresentar o homenageado.

Aos 86 anos de idade, continuou, “o Alysson Paolinelli está superativo e ainda é presidente do projeto do Instituto de Biomas Tropicais para discutir a sustentabilidade nos seis biomas”.

Destacou sobre a constante preocupação do homenageado com a aplicação da ciência o desenvolvimento da agricultora, e ainda hoje, continua presente nas redes sociais – tem 15 mil seguidores no Likedin e 10 mil no Instagran, “reunindo grande população jovem que vem renovando o agronegócio brasileiro”.

O homenageado Paolinelli, em depoimento gravado – exibido durante o evento – destacou a importância dos imigrantes japoneses no desenvolvimento agrícola brasileiro, bem como o papel de suas entidades e organizações.

Sobre a exploração do Cerrado, ressaltou que “o japonês pode dizer, de peito aberto, que essa conquista que o Brasil fez na agricultura tropical, ele tem um papel muito importante nessa transformação”.

Masanori Ito, toda dedicação à agricultura

Cônsul-geral do Japão, Ryosuke Kuwana durante entrega do Prêmio a Masanori Ito (à dir)

A família de Masanori Ito, procedente de Hokkaido, chegou ao Rio Grande do Sul em 1960, e em 1965, juntou-se à segunda leva de imigrantes japoneses ao Núcleo Colonial de Ramos, município de Frei Rogério, em Santa Catarina. Na ocasião, Ito trazia na bagagem algumas sementes de alho de vários tipos cedido pelo filho de antigo patrão, um técnico agrícola.

Nesse local, ele inicia a produção dessas sementes e, a partir de 1977, iniciou a sua comercialização, classificada como alho nobre, roxo, e que passou a ser conhecido como alho Ito.

A Anapa – Associação Nacional de Produtores de Alho, no relatório sobre “o valor histórico, cultural e técnico do trabalho” de Masanori Ito, ressalta que, na década de 1970, foi implementada uma política de substituição de importação (o alho que representava cerca de US$ 48 milhões anual). Assim, a cultura do alho ganhou importância, principalmente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que se tornaram principais fornecedores para o mercado nacional.

Ao mesmo tempo, intensifica-se o trabalho de pesquisas resultando na seleção de cultivares de interesse comercial. Em meados da década de 1970, constata-se a existência, na região de Curitibanos (atual Frei Rogério), a existência de algumas variedades – com destaque para a variedade de alho roxo Ito – capazes de competir com os importados.

De acordo com o relato da Anapa, os dados disponíveis sobre as sementes utilizadas pelos produtores indicam a alta preferência pelas sementes Ito. Na safra de 2021, em Minas Gerais, quase 100% da área plantada (8.500ha.) utilizou-se a semente Ito. O mesmo ocorreu em Goiás – do plantio de 5 mil ha. previsto para 2022, em cerca de 3.500 ha. seriam utilizados essa semente. Na região Centro-Oeste, atual maior produtora de alho roxo, em 11 mil ha.  foram cultivados o alho Ito. No Sul, calcula-se que em 2022, 55% do total plantado (500ha.) será com sementes Ito.

Masanori Ito e família, desde a chegada a Frei Rogério, têm se diversificado sua produção agrícola: nectarina, cravo, alho, maçã, pêssego, moranguinho e atual dedica-se ao cultivo da pera japonesa (Hosui).

Em sua saudação, Ito contou que há cerca de 30 anos dedica-se ao cultivo da pera japonesa – atividade que o levou ao Japão como estagiário da Jica – e que tem recebido elogios pela qualidade e está fazendo melhoramentos genéticos de outras variedades de pera.

Familiares de Masanori Ito e autoridades de Frei Rogério

Manifestação dos convidados

Durante a cerimônia, várias autoridades foram convidadas para suas saudações.

Masayuki Eguchi, representante-chefe da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão) ressaltou a atuação do órgão governamental não só “para auxiliar os agricultores nikkeis”, como também para “contribuir em programas de cooperação governamental bilateral Brasil-Japão”.

O vereador paulista Aurélio Nomura, destacou a importância do evento ao homenagear o passado enfocando o significado da atuação de personalidades como Kiyoshi Yamamoto e o presente, ao ressaltar a contribuição à modernização do agribusiness do país.

Marcos Miyasaki, presidente da Coopadap – Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba, afirmou que “é motivo de grande orgulho participar de tão merecidas homenagens: para Alysson Paulinelli como pai da Coopadap e Masanori Ito como pai do alho Ito”, pessoas que fazem “parte de nosso DNA”.

Yuji Kobayashi, presidente da Associação Cultural Brasil-Japão do Núcleo de Celso Ramos, afirmou que “nosso município está muito orgulhoso de ter uma pessoa recebendo um prêmio tão importante”, e ressaltou a dedicação do homenageado “ao desenvolvimento de nossa comunidade”.

Francisco Maturro, secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, além de congratular-se com os homenageados, ressaltou as ações desenvolvidas pela secretaria para atender às necessidades de “um Estado (São Paulo) do tamanho de uma nação”.

Roberto Rodrigo, ex-ministro da Agricultura, ressaltou a importância do Prêmio Kiyoshi Yamamoto e dos homenageados: “sou tempo em que diziam que Cerrado, Deus me livre, nem dado, nem herdados, mas graças às ações dessas pessoas, o Cerrado foi domado”.

Ainda, em sua saudação, além de enaltecer a liderança de Alysson Paolinelli para implantação do projeto Cerrado, fez questão de citar, entre os presentes, seus companheiros de trabalho daquela época: Américo Utumi, Isidoro Yamanaka e Kunio Nagai.

Renato Ishikawa, presidente do Bunkyo, em sua saudação, destacou o papel significativo de Kiyoshi Yamamoto e as contribuições dos homenageados da noite.

A cerimônia encerrou com as palavras do cônsul-geral do Japão, Ryosuke Kuwana, que evidenciou o papel do Brasil para a segurança alimentar global e a atuação dos nipo-brasileiros para o desenvolvimento agrícola do país.

Jantar de confraternização do 51º Prêmio Kiyoshi Yamamoto

Encerrada a cerimônia, todos foram convidados para o jantar de confraternização. Assista à integrada da 51ª. edição do Prêmio Kiyoshi Yamamoto no link:

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