Bate-papo presencial: Relações homoafetivas na literatura japonesa

Compartilhe

A Comissão de Atividades Literárias e a Comissão da Biblioteca do Bunkyo, em parceria com a Editora Degustar, convidam a todos para um bate-papo relacionado aos temas abordados no livro “Contos Homoeróticos de Samurais – Amor entre homens no Japão Antigo”, do autor Ihara Saikaku, com tradução por J. M. Bertolote.

Esta obra é a primeira tradução integral para o português dos vinte contos homoeróticos entre samurais e seus jovens pupilos, de Ihara Saikaku, acompanhados pelas correspondentes ilustrações de Yoshida Hambei para a edição original de 1687.

O bate-papo terá participação da editora Maria Célia Furtado da Degustar e de Laura Gassert, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa da USP, pesquisadora de mangás de vertente homoafetiva.

Haverá venda de exemplares do livro, com desconto especial no dia do evento.

Data: 28 de janeiro de 2023 (sáb) das 14h30 às 16h30
Local: Biblioteca do Bunkyo – Entrada Franca
R. São Joaquim, 381 – 2º andar do prédio anexo – Liberdade – São Paulo SP
Informações: 11 97522-6101


Informações do site da editora Degustar: https://editoradegustar.com.br/livros/#contos

Sobre o livro

Os vinte contos de “Contos Homoeróticos de Samurais – Amor entre homens no Japão Antigo” fazem parte de um clássico da literatura japonesa do século XVII (1687), “Nanshoku okagami – O Grande Espelho do Amor entre Homens”, o hábito do amor por garotos descreve o relacionamento amoroso entre guerreiros e seus jovens amantes, hábito muito frequente no Japão de então − embora o relacionamento sexual entre dois homens adultos não fosse bem-visto pela mesma sociedade.

Não há descrições explícitas de coito, só de paixões efêmeras onde os jovens perdem sua beleza rapidamente, morrem enfermos de amor ou cometem honrosos suicídios junto aos seus amantes, é uma deliciosa visão do “mundo flutuante” – das cidades e seus distritos de prazer – com jovens andróginos que percorrem quilômetros em busca de um novo companheiro.

As belas descrições (“Amava este lugar e o modo em que a luz da lua se filtrava de noite através das agulhas dos pinheiros”, escreve no “Grande Espelho”), as delicadas comparações, as cerejas em flor e o aroma de incenso.

Esse amor, socialmente prescrito, entre um homem adulto (samurai ou monge) e um jovem que ainda não havia cumprido o rito de passagem que assinala sua entrada no mundo adulto foi bem analisado por Michel Foucault e por Elizabeth Badinter, que o descreveu como “a aprendizagem da virilidade através da homossexualidade.

O texto de Saikaku pertence a uma tradição pré-moderna onde o amor homossexual não era representado como perverso e se integrava à ampla esfera do amor sexual como tema literário; uma tradição que não apelava à estratégia de desmascarar e revelar. Esta notável ausência de estigmatização é o principal atrativo do Grande Espelho, e parte do mistério de sua beleza.

O amor entre samurais enfoca, além da beleza do corpo, a beleza da fidelidade; mais que de amor, trata-se de uma ética regulamentada por obrigação e honra. A associação do amor e da morte, é purificadora e signo de sinceridade, lealdade e capacidade de sacrifício.

Esta é a primeira tradução integral para o português dos vinte contos homoeróticos entre samurais e seus jovens pupilos, de Ihara Saikaku, acompanhados pelas correspondentes ilustrações de Yoshida Hambei para a edição original de 1687.

Sobre o autor

Ihara Saikaku (1642-1693), foi um prolífico poeta e romancista japonês contemporâneo e, em certa medida, equivalente em relevância estilística – ainda que em gêneros literários bastante distintos – a John Milton (1608-1674), a Jean Racine (1939- 1699) e a Antônio Vieira (1608-1697).

Conhecido incialmente como autor de haiku (sob seu nome original de Ihara
Kakuei), notabilizou-se nessa área por sua extrema prolificidade, tendo composto num único dia (e noite) de 1677, mais de 20.000 haikus durante uma sessão coletiva de haikai-no-renga (haicais encadeados).

A imensa erudição e conhecimento de Saikaku sobre a poesia chinesa e japonesa antigas transparece em toda a sua obra pelas frequentes e constantes citações de seus predecessores.

Apesar de polêmico, o tema de “O grande espelho do amor entre homens” aumentou a popularidade de Saikaku, que tempos depois ampliou sua obra, abordando a homossexualidade de atores, aristocratas, comerciantes ricos e monges.

Saikaku é atualmente celebrado como um dos mais populares escritores japoneses do período Tokugawa, e pela importância que teve no desenvolvimento da ficção japonesa.

Confira o calendário de eventos completo