Recepção ao Primeiro-Ministro do Japão no Bunkyo

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No dia 4 de maio de 2024, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, em visita oficial ao Brasil, a convite do presidente Lula, esteve no Bunkyo e foi recepcionado pela comunidade nipo-brasileira.

O Grande Auditório, o ponto de encontro, recebeu vários retoques para a recepção da mais importante autoridade política do Japão – pintura e manutenção em vários locais, reforma do jardim (graças à doação da Esperança Fujinkai), montagem da infraestrutura especial no Hall para um breve descanso do visitante e audiência com convidados (recebeu, por exemplo, os representantes da Associação Hiroshima Kenjinkai, sua província natal) e cenário para o “kinenshashin” (foto de recordação) do público com o premiê japonês. No subsolo, no amplo Espaço Cultural e Centro de Gastronomia, outro movimento frenético com os preparativos para o almoço (sistema obentô) para 120 convidados.

Já, no 1º andar do prédio, outro alegre burburinho com a chegada dos grupos de crianças encarregadas da recepção festiva ao primeiro-ministro. Eram os grupos escoteiros nipo-brasileiros: de Hokkaido Kenjinkai, Nippon Country Clube, Falcão Peregrino e Caramuru. A eles, juntaram os alunos das escolas Harmonia, Oshiman, além dos jovens da Academia do Futuro do Nippon Country Clube. Todos reunidos para o lanche enquanto esperavam pela chegada do visitante ilustre.

Em torno do Edifício Bunkyo, outra movimentação inusitada. Desde às 9h da manhã começaram chegar os primeiros interessados em fazer parte da cerimônia de boas-vindas.

Liderando a fila de espera (que por volta das 11h30 chegou a 200 metros), estava Mitsuo Ueno, residente no bairro da Liberdade. “Sempre faço questão de acompanhar as recepções de autoridades japonesas”, disse Ueno, “sou nikkei e acho que devemos prestigiar as coisas do Japão”.

Ao lado dele, a família Harasaki – a avó Janaina e os pais Keiichiro e Michiko de dois integrantes do Grupo Escoteiro Hokkaido. “Viemos acompanhar a visita do primeiro-ministro e também os nossos filhos”, disse Keiichiro, ressaltando que a mãe reside em Sorocaba.

Protegidos pela sombra dos prédios, a longa espera (o primeiro-ministro só chegou às 12h55) não foi das mais cansativas.  A partir das 11h40, a entrada do público foi liberada – todos tiveram de passar pela revista dos seguranças.

“Arigato gozaimashita” (muito obrigado)

Chegada do premiê Kishida ao Bunkyo

Em qualquer situação, a espera pela chegada sempre é acompanhada por certa ansiedade. No Hall tudo pronto com as crianças portando as bandeiras do Brasil e do Japão; do outro lado, os representantes das cinco entidades nipo-brasileiras e da província de Hiroshima (entre eles, Takashi Morita, 100 anos de idade, sobrevivente da bomba atômica). No portão de entrada a diretoria do Bunkyo e os agentes de segurança (Polícia Federal).

O ambiente de expetativa foi quebrado às 12h55 com o ronco de quatro potentes motos Harley Davidson 1.200, cor avermelhada, da Polícia Militar, responsáveis pela escolta da comitiva japonesa.

O premiê foi recepcionado pelas crianças com as bandeiras agitadas e envolvido pelos sonoros “Arigato gozaimashita” (Muito obrigado). Foto: Marcel Uyeta

O terceiro carro da fila parou em frente ao portão para descida do premiê Kishida. Este, após breves cumprimentos e apresentações, subiu as escadarias do Bunkyo (devidamente forrada com tapete vermelho) e foi recepcionado pelas crianças com as bandeiras agitadas e envolvido pelos sonoros “Arigato gozaimashita” (Muito obrigado).

Sempre sorridente, ergueu as mãos e baixou levemente a cabeça em sinal de agradecimento. (Ficou a sensação de que deveria ter apertado a mão de alguma das crianças!)

Permaneceu no espaço reservado no Hall cerca de 10 minutos antes de adentrar, também sorridente, ao palco do Grande Auditório sendo recebido calorosamente pelas palmas de cerca de mil pessoas.

Lidia Yamashita, presidente da Comissão de Administração do Museu da Imigração Japonesa fez sua estreia como mestre de cerimônia.

Cerimônia de boas-vindas no Grande auditório do Bunkyo, lotado com a presença de aproximadamente 1000 pessoas, abertura com os hinos do Japão e do Brasil. Fotos: Marcel Uyeta

Em bilingue, ela anunciou os hinos nacionais e depois a saudação do presidente Renato Ishikawa, em português. A versão em japonês foi distribuída aos visitantes.

“Nossa profunda gratidão pela generosa ação humanitária desenvolvida por seu governo”, afirmou o presidente Ishikawa, “de atendimento às necessidades da comunidade nipo-brasileira e de suas entidades para superação das dificuldades decorrentes da pandemia de Covid-19”, completou.

Acrescentou ainda o memorando de cooperação assinado com a JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão) intitulado “Unidos pelo Futuro” que “é o prenúncio de novas e importantes ações conjuntas entre a comunidade nikkei e o Japão”.

Referiu-se às próximas comemorações e destacou a contribuição dos descendentes para o “desenvolvimento do Brasil nas mais diversas áreas de atividades socioeconômicas”. Também às “crianças que entusiasticamente saudaram Vossa Excelência em sua chegada ao Bunkyo” que “se lhe forem concedidas oportunidades para conhecer o Japão, ainda que em rápidas visitas, esses jovens voltarão transformados para melhor com multiplicada admiração e respeito pelo Japão”.  Acrescentou que “no Bunkyo e em outras entidades de nossa comunidade, temos valorizado os jovens, dando-lhes o protagonismo e liderança para que eles se habilitem a dirigi-las, preservando e difundindo a cultura e as artes japonesas nas cerca de 400 entidades espalhadas pelo Brasil”.

Saudoso retorno à terra natal

Momento solene da cerimônia: todos em pé para os hinos nacionais. Da esq. para dir: secretário-chefe adjunto do Gabinete Hiroshi Mori, premiê Fumio Kishida, presidente do Bunkyo Renato Ishikawa, embaixador do Japão no Brasil Teiji Hayashi e cônsul-geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu. Foto: Marcel Uyeta

O “boa tarde”, em alto e bom som do premiê Fumio Kishida, prontamente respondido pela plateia (cerca de mil pessoas) quebrou a formalidade. Mesmo falando em japonês, mas com tradução em português exibido em telão no fundo do palco ajudou a criar um clima de empatia com o visitante.

Este começou falando do saudoso sentimento de retorno à terra natal – há oito anos esteve no mesmo Bunkyo como ministro das Relações Exteriores. Mais adiante, em tom amigável, referiu-se à culinária: “ouvi dizer que o “yakissoba” é muito popular aqui no país, mas, como sou natural de Hiroshima, espero que o “okonomiyaki” (prato típico de Hiroshima) também seja amplamente apreciado”.

“Desde que assumi o cargo de Primeiro-Ministro, tenho afirmado o ‘investimento em pessoas’ como um dos pilares da minha política”, ressaltou o premiê Kishida e, nesse sentido, apontou “no ano passado, conseguimos isentar os brasileiros de vistos de curta permanência e renovamos o sistema para recepção de nikkeis da quarta geração”.

Prometeu continuar “com as diversas medidas para promover o ensino da língua japonesa, como o treinamento e o envio de voluntários para a comunidade nikkei”.

Além de externar seu propósito em intensificar as relações comerciais com o Brasil (veio acompanhado por uma comitiva de 35 empresários japoneses), ele anunciou que “recentemente decidimos lançar um novo programa de intercâmbio entre o Japão e as comunidades japonesas na América Latina, o que possibilitará o intercâmbio de cerca de 1.000 pessoas nos próximos três anos”.

A cerimônia no Grande Auditório durou exatamente 20 minutos. Era 13h23 quando o premiê, juntamente com seu secretário-chefe adjunto do Gabinete, Hiroshi Moriya, se acomodaram nas cadeiras e posarem para as fotos em grupo de 30 pessoas do público. As imagens só puderam ser captadas pelo fotógrafo oficial do governo japonês. A promessa é de que cada participante será presenteado com uma foto impressa com o premiê Kishida. Saiba mais aqui >

Almoço especial com os convidados e autoridades

Sem extrapolar a rigidez do horário, era 14h05 quando o premiê e comitiva dirigiram-se ao Espaço Cultural Bunkyo para o almoço com 120 convidados.

Na cabeceira, uma mesa quadrada com as autoridades e presidência das cinco entidades nipo-brasileiras. Nas mesas redondas colocadas em volta, os representantes das entidades sentaram-se ao lado de outros membros da comitiva e autoridades convidadas.

As mesas estavam enfeitadas com flores (arranjos combinando gloriosas, antúrios e melindro, feitos por Hélio Tanaka), o “kampai” foi feito com sakê importado e foi servido obentô preparado pela chef Telma Shiraishi (que também foi responsável pelo almoço no Itamaraty, em Brasília).

A novidade ficou por conta das vieiras grelhadas importadas de Hokkaido e  preparadas pelos membros da Associação Hokkaido de Cultura e Assistência.

Essas vieiras foram importadas por meio do Programa de Concessão de Subsídios às Entidades de Imigrantes da JICA (Agenda de Cooperação Internacional do Japão) que, entre outros objetivos, visa promover o entendimento de diferentes aspectos do Japão, tais como: culinária “washoku”, produtos japoneses como pescados, tecnologias avançadas, entre outros. Além de contribuir para revitalização a e econômica e regional do Japão.

Entre os convidados, os políticos nikkeis: deputado federal Kim Kitaguiri, deputado estadual Márcio Nakashima, vereadores Aurélio Nomura. George Hato e Rodrigo Goulart.

Ao final do almoço, o deputado Kim Kitaguiri foi apresentado ao premiê Kishida, ocasião em que este presenteou-o com uma miniatura do carro de Airton Senna comemorativa aos 30 anos da morte do piloto brasileiro.

Acompanhado pelo presidente do Kenren, José Taniguti, o Primeiro-Ministro deposita flores no monumento em homenagem aos imigrantes japoneses falecidos, no parque do Ibirapuera. Créditos da foto: kantei.go.jp (prime minister’s office of Japan)

O almoço durou exatamente 20 minutos e a comitiva partiu para o Parque Ibirapuera. Primeiro, ciceroneado pelo presidente do Kenren, José Taniguti, depositou flores no Monumento em Homenagem aos Imigrantes Japoneses Falecidos.

Durante visita ao Pavilhão Japonês. no Parque Ibirapuera, o premiê Kishida plantou uma muda de cerejeira acompanhado pelo presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa. Também, deixou a seguinte mensagem no Shikishi (tradicional papel japonês para caligrafia): “Expresso meu respeito e gratidão a todos os nikkeis que fizeram história através de dificuldades para manter a amizade entre o Japão e o Brasil.”

Depois, no Pavilhão Japonês, ciceroneado por Cristina Sagara, o premiê Kishida acompanhou as explicações sobre a trajetória dessa construção e, juntamente com o presidente Renato Ishikawa, plantou uma muda de cerejeira comemorativa à sua visita.

Em seguida, no Japan House São Paulo, acompanhado pelo presidente honorário Rubens Recúpero e membros da diretoria, visitou as exposições (robôs, saquê e moda) e participou da cerimônia comemorativa ao 7º aniversário da organização.

A programação do Primeiro-Ministro japonês ainda incluiu palestra na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Depois, no final da tarde, no Fórum Empresarial Japão-Brasil organizado por entidades empresariais Japonesas e brasileiras.

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