Em junho, dias 22 e 23, o Festival Gueinosai no Bunkyo

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Fotos: Marcel Uyeta

Nos próximos dias 22 e 23 de junho de 2024, sábado e domingo, em comemoração ao 116º aniversário da imigração japonesa, realiza-se mais uma edição do tradicional Gueinosai – Festival de Música e Dança Folclórica Japonesa.

Trata-se da arte “Gueino” (a arte de palco) indicando que o espetáculo reúne uma variedade de atrações individuais ou em grupo envolvendo desde recitação, teatro, canto, música, dança, etc.

A 57ª edição do Gueinosai terá, no sábado (dia 22), ao todo 34 atrações variadas (taiko, karaokê, músicas folclóricas e clássicas, danças atuais e tradicionais) e, no domingo (dia 23), serão 41 apresentações.

A novidade na programação será o “gran finale”, nos dois dias: no sábado, as apresentações se encerram com o Grupo Ikigai Odori do Clube Cultural Recreativo Nipo-Brasileiro de Piracicaba e, no domingo, com a Companhia Fujima de Dança Kabuki.

No palco, a tradição das danças

O Gueinosai e o Grande Auditório continuam sendo a grande vitrine para as escolas, professores e praticantes das danças tradicionais japonesas. Para o público, representa o privilégio de assistir em dois dias os melhores da “arte de palco”.

Anualmente, esse Festival é uma referência que move esse universo de dançarinos (profissionais e voluntários) para as aulas e incansáveis sessões dedicada aos treinos e aperfeiçoamento.

Neste ano, sete escolas de dança se apresentam no Grande Auditório: Kyo Fujima-ryu Nihon Buyou, ACAL Buyou-bu, Escola de Dança Fujima, Hanayagui ryu Kinryukai, Tamagusuku ryu Kotarokai Omine Hatsue Ryubu Dojo, Ryukyu Buyo Kyokai do Brasil e Nishikawa-ryu Nihon Buyou.

Temos também a presença da União Cultural Guinken Shibu do Brasil que reúne praticantes de Shiguin (canto entoado), Shibu (dança do leque) e Kenbu (dança da espada).

Na modalidade de danças folclóricas, destaca-se o Grupo Tottori Shan Shan Kassa Odori que se apresenta numa coreografia movimentada com as multicoloridas sombrinhas ao som de guizos. Nesta edição, será realizada uma homenagem póstuma à sua coordenadora e “sensei”, Mari Yoshie Iwahashi Kyono, falecida no último dia 10 de maio, vítima de enfarte do miocárdio.

Nos últimos anos do Gueinosai, conquistaram espaço as apresentações de Yosakoi Soran que nasceu a partir da fusão das tradicionais danças de pescadores de Hokkaido com ritmos musicais contemporâneos – com gestos amplos e intensos é uma performance apropriada para apresentações ao ar livre.

No 57º Gueinosai estarão se apresentando os grupos: Shinsei ACAL, Hanabi Soran,  Ishin Yosakoi Soran, Komadori Dansu e Shiawase Soran.

Também, no palco do Grande Auditório, a apresentação individual da bailarina Clarice Matsunaga com performance de balé contemporâneo.

Já a Associação Nagasaki Kenjinkai do Brasil comparece com uma representação de sua tradição cultural – a dança “Jya Odori”, executada por um dragão de 20 metros de comprimento.

As apresentações musicais: populares e clássicas

O grupo Taishogoto, o único em atividade em nosso país e que no ano passado foi destaque da TV estatal NHK na reportagem sobre o Festival, abre a programação de sábado (dia 22).

O taishogoto é um instrumento em formato de máquina datilográfica com acordes que lembram aos do koto.

Na categoria de música clássica, o principal destaque é a Associação Brasileira de Música Clássica que reúne os mestres de koto, shamisen e shakuhachi. No Gueinosai, além da rara oportunidade de reunir esses professores, também alguns alunos são convidados para essa audição coletiva dedicada à interpretação das tradicionais composições japonesas. Destaque ainda para a Associação Kyodo Minyo do Brasil dedicada à música folclórica.

Ainda, no item da música, é interessante ressaltar a presença de conjuntos formados por determinados instrumentos, cantores e dançarinos. Temos o grupo Min (dedicado ao minyo – músicas folclóricas), Kaito Shamidaiko (shamisen e taiko), Grupo Miwa de Koto / Projeto Sankyu / Shakuhachi Matsuda e o Grupo Utagoe Suzuki (Suzuki Utague) / Hanayagui Ryuju / Buyo Yoshiko.

Temos ainda, o espaço dedicado às pulsantes batidas do taiko com os grupos Tange Setsuko Taiko, Ikkon São Paullo Taiko Dojo, Mika Youtien / Mika Taiko e Ryukyu Koku Matsuri Daiko.

Os momentos do karaokê

Durante a extensa programação, também estão previstas as apresentações individuais de 12 cantores nikkeis, além dos representantes da Associação Nipo-Brasileira de Intercâmbio Musical.

A edição do 57º Gueinosai reunirá os melhores do karaokê, numa seleção imperdível de alto nível de interpretes da música popular japonesa. São eles: Pedro Mizutani, Mika Takahashi, Sandra Sassaki, Massaiti Shimada, Edson Miyabara, Shizuko Sato, Ayako Kamimura, Harumi Miyamura, Naomi Maeda, Ricardo Nakase, Tieko Uehara e Yukio Nakagima.

Em homenagem a Mari Kyono

“Estou, e ainda continuo, muito chocada pela perda repentina de uma pessoa amiga e muito dedicada à família e à arte do Kassaodori”, registrou uma das integrantes da Comissão Organizadora do Gueinosai, Rumi Kusumoto, ao compartilhar a notícia do falecimento de Mari Kyono (Mari Yoshie Iwahashi Kyono), coordenadora e professora do Grupo Tottori Shan Shan Kassa Odori.

Após sentir-se mal, Mari foi levada ao hospital e chegou a passar por procedimentos para tratar do enfarte do miocárdio, mas não resistiu. Faleceu no último dia 10 de maio.

Mari, nascida em 15 de outubro de 1946, natural de Bastos, casou-se em 1974 com Keizo Kyono, tiveram três filhos e mudaram-se para São Paulo.

Seu talento pela dança sobressai por volta de 1995 quando integrou a organização do Grupo Tottori Shan Shan Kassa Odori, primeiro como aprendiz e, com o tempo, assumiu a coordenação, tornando-se também sensei (professora).

Considerada dança folclórica da província de Tottori (localizada na ilha de Honshu, banhada pelo Mar do Japão), teve origem na região leste conhecida como “Inaba no Kuni”.

Antigamente, nessa região, com a longa estiagem, os homens dançavam bravamente com o guarda-chuva ornamentado por muitos guizos, como uma forma de pedir chuva aos deuses. Esse ritual deu origem ao “Kassa Odori” (dança do Guarda-chuva) que, ao longo do tempo foi transmitida como “Kassa Odori de Inaba”.

Depois, essa tradição deu origem ao Tottori Shan Shan Kassa Odori que, a partir de 1965, passou a ser apresentado anualmente no Festival de Verão local.

No Brasil, essa dança foi trazida pela Associação Cultural Tottori Kenjin do Brasil em 1982 e, desde então, a entidade tem se dedicado à sua divulgação em várias cidades do Estado de São Paulo, como em outros Estados do Brasil, países vizinhos, como também na província natal, no famoso Festival de Verão de Tottori, no mês de agosto.

Membro atuante do Kassaodori, a professora Mari organizou a participação anual do grupo no Gueinosai. Um dos grandes destaques em sua trajetória ocorreu em 2008, durante as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, quando coordenou uma equipe de 200 dançarinos do Kassa Odori no Sambódromo de São Paulo. Na ocasião, acompanharam a apresentação o então príncipe herdeiro Naruhito (atual imperador), autoridades brasileiras e do governo da província de Tottori (governador e deputados).

Depois, em 2018, nas comemorações aos 110 anos da imigração japonesa, o grupo se apresentou no Pavilhão dos Imigrantes, com a presença da princesa Mako.

Nessa ocasião, o grupo participou da produção do videoclipe do cantor Joe Hirata que interpretou a música oficial da comemoração, “Arigatô Brasil” (Obrigado Brasil), que, em poucas semanas, alcançou quase meio milhão de visualizações no You Tube.

O sucesso do Kassa Odori vem da criatividade e inovação ao desenvolver coreografias como o “happy samba”, “Aquarela do Brasil” e outras, harmonizando os compassos do samba com os movimentos dos passos e braços e giro do kassa (guarda-chuva). Confira no link https://www.youtube.com/watch?v=DgSZJNud-b8

Todos os anos, Mari com o grupo Shan Shan Kassa Odori atendia cerca de 30 convites, informa Keizo Kyono. Eram apresentações no Festival das Cerejeiras do Parque do Carmo, no Toyo Matsuri e Tanabata Matsuri na Praça da Liberdade, Akimatsuri de Mogi das Cruzes e no Festival do Japão em São Paulo e nas principais cidades do Brasil, entre elas: Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Recife e também em Assuncion no Paraguai.

Mari Kyono também se apresentava individualmente com uma dança artística tradicional Nihon Buyo numa mistura de teatro e dança.

“Estamos sentindo muita falta de Mari”, lamenta Rumi Kusumoto, “mas rezo para que descanse em paz e tenho certeza que nos deixou um legado muito valioso para todos nós, principalmente da alegria e prazer de dançar em prol da preservação da cultura de nossos ancestrais”.


Serviço:
57º Gueinosai – Festival da Música e Dança Folclórica Japonesa

Data/hora: Dias 22 e 23 de junho, a partir das 10h.
Local: Grande Auditório do Bunkyo – Rua São Joaquim, 381 – Liberdade.

Durante o evento, além do sorteio de brindes, o público poderá fazer compras nos estandes dos bazaristas.

Entrada franca. Solicita-se a doação de 1 kg de alimentos não-perecíveis que será destinada a entidades beneficentes.

Patrocínio: Ministério da Cultura – Lei de Incentivo à Cultura, Fundação Kunito Miyasaka e Grupo NK.
Apoio: Diário Brasil Nippon e Nippon Já
Realização: Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Bunkyo.

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