Objeto de curiosidade e especulação, o assunto da sucessão presidencial vem agitando os associados e frequentadores do Bunkyo.
Depois de três mandatos consecutivos (o prazo máximo estabelecido pelo atual estatuto), o presidente Kihatiro Kita encerra sua gestão no próximo dia 25 de abril com a eleição de um novo presidente.
É, portanto, natural a curiosidade para saber quem será o sucessor, ou até mesmo a movimentação de diferentes setores, grupos ou pessoas para ocupar os espaços que estarão se abrindo.
Principalmente, depois que Jorge Yamashita – que tem uma longa permanência no corpo diretivo da entidade e era o sucessor previsível – expressou claramente que não desejava concorrer à presidência.
O presidente Kita que sempre acalentou a possibilidade de conduzir Yamashita ao posto máximo da diretoria executiva, confessou estar desconcertado com a negativa do companheiro de diretoria.
Em busca de um novo candidato, depois de uma reunião de alinhamento de estratégia, no último dia 17 de março, realizou-se um encontro entre representantes de uma comissão especial formada pelo presidente Kita em que se definiu pela formalização do convite à atual 1ª vice-presidente Harumi Arashiro Goya.
Representantes da comissão foram indicados para formalizar o convite a ela, e obtiveram como resposta o pedido dela de emitir sua decisão na terça-feira, dia 24 de março.
Ao oficializar sua concordância, os compromissos da candidata Harumi Goya foram crescentes – na quarta-feira, à tarde, participou de uma reunião solicitada por Hatiro Shimomoto, à noite, teve anunciada sua candidatura na reunião geral da diretoria com a presença dos representantes regionais e, na quinta-feira, participou de uma entrevista coletiva com jornais nipo-brasileiros.
Quem é Harumi Arashiro Goya, candidata à presidência do Bunkyo?
Há 12 anos Harumi participa das atividades do Bunkyo. Foi trazida pelas mãos do professor Kokei Uehara que, ao iniciar seu primeiro mandato em 2003, convidou-a como 2ª tesoureira, cargo que exerceu por seis anos. Na sequência, na gestão de Kihatiro Kita, foi 4ª vice-presidente e, atualmente, é a 1ª vice-presidente.
Nascida no Japão, em Okinawa, Harumi emigrou ao Brasil, em 1958, aos cinco anos de idade, com sua família, seguindo diretamente para uma fazenda de café, em Cambará, norte do Paraná. Depois de alguns anos, a família mudou-se para Ourinhos (SP) onde a mãe reside até os dias atuais.
Formada em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia de Barretos, Harumi trabalhou alguns anos no setor, atuando com engenheira orçamentista e, em 1986, foi aprovada em concurso público para a Secretaria Estadual da Fazenda como Agente Fiscal de Renda.
Junto à Secretaria, em 1998, criou e implantou o Departamento de Tecnologia da Informação no governo Mário Covas (1995~2001), sob a gestão do professor Yoshiaki Nakano. É aposentada desde 2013.
Como bolsista da JICA fez curso em 1990 e 1996 no Japão relacionado à área administrativa e fiscal. De 2002 a 2006 foi a primeira mulher a ocupar a presidência da ABJICA (Associação dos Ex-Bolsistas da JICA).
Harumi divide as atividades do Bunkyo com as da Associação Okinawa Kenjin do Brasil e, desde a presidência de Akeo Yogui, em 2005, participa da entidade como diretora. Em 2000, foi nomeada pelo governo da província de Okinawa como Minkan Taishi (Embaixadora da Boa Vontadeda província de Okinawa).
Na entrevista coletiva, realizada na tarde do dia 26 de março, Harumi disse que aceitou sua indicação como candidata à presidência do Bunkyo não somente pelo incentivo que recebeu de seus companheiros das entidades, como também por achar que “pode fazer mais coisas, pode contribuir ainda mais ao Bunkyo e à comunidade nipo-brasileira”.
Embora questionada diversas vezes, a candidata informou que ainda “não teve tempo de conversar com o pessoal para decidir sobre os nomes que integrarão a chapa para a diretoria executiva”, mas destacou “que o importante é que haja consenso”.
Sobre o fato de ser a primeira mulher a assumir a presidência do Bunkyo, garante que ainda não pensou “se as cobranças serão maiores se comparado com um possível candidato de sexo masculino”, mas concorda que “a união das forças das mulheres é capaz de operar milagres”.
Bastante contida em suas declarações, a candidata Harumi, ao final da entrevista, deixou escapar o sentimento que talvez venha atormentar até os seus momentos de lazer: “dá um desespero de assumir tudo isso, é muita responsabilidade e esse ano é muito importante para nossa entidade, para nossa comunidade”.