A cerimônia de outorga do 46º Prêmio Kiyoshi Yamamoto

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01Cerca de 120 pessoas prestigiaram a cerimônia de outorga do 46º Prêmio Kiyoshi Yamamoto ao Dr. Mário Nakano, por sua contribuição ao desenvolvimento da avicultura brasileira, e ao fruticultor Kenzo Tarumoto, pelo cultivo da manga Haden. No Salão Nobre, familiares e amigos de ambos os homenageados marcaram presença, bem como houve a prestigiosa participação dos netos de Kiyoshi Yamamato.

02Na abertura, o presidente da Comissão do Prêmio Kiyoshi Yamamoto, Guenji Yamazoe, lembrou que essa honraria foi criada em 1965, que nesse espaço de tempo foram 154 premiados, e agradeceu a contínua colaboração das entidades nipo-brasileiras na indicação das personalidades serem homenageadas.

03O vice-presidente Jorge Yamashita, em sua saudação, destacou a importância desse evento para ressaltar a “figura do Dr. Kiyoshi Yamamoto – o fundador desta entidade – que, entre seus inúmeros feitos, deixou-nos um retrospecto notável como agrônomo e orientador agrícola, promovendo o intercâmbio com o Japão e institutos de pesquisas do Brasil”.

04Prosseguindo, observou que um dos homenageados, o veterinário Dr. Mario Nakano, 88 anos de idade, iniciou suas atividades no Instituto Biológico de São Paulo em 1959 e tornou-se um dos destacados pesquisadores em diagnósticos de doenças de aves, produção de vacinas e assistência aos avicultores. “Se hoje, o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e produz por volta de 34 bilhões de ovos ao ano, certamente devemos muito às contribuições do Dr. Nakano”.

05Já o outro homenageado, Kenzo Tarumoto, 78 anos, residente em Presidente Prudente, teve uma vida toda dedicada à agricultura e o marco de suas atividades aconteceu em 1973 ao iniciar o plantio de manga Haden “que na época ainda era uma cultura pouco praticada na região”. Com 170 mudas inicialmente plantadas, menos de uma década depois seu pomar totalizava 1.500 pés de manga, ressaltou.

06De acordo com ele, “a conquista do nosso homenageado foi obtida graças à sua incansável busca por diferentes técnicas – às vezes, contrariando as orientações dos próprios técnicos da Cooperativa – para aumentar a produtividade e qualidade da manga Haden”.

07O diretor geral do Instituto Biológico de São Paulo, Dr. Antônio Batista Filho, em sua saudação, destacou a importante contribuição do Dr. Nakano para o desenvolvimento da avicultura no Brasil e para sedimentar a avicultura industrial em nosso país, tendo como ponta de lança os laboratórios em Bastos e Descalvado, ambos no interior paulista.

08O cônsul-geral de São Paulo, Takahiro Nakamae, em sua saudação falou sobre a importância do intercâmbio entre Brasil e Japão, sendo que os imigrantes japoneses são o alicerce de confiança entre os dois países. E, nesse contexto, está incluso do Prêmio Kiyoshi Yamamoto.

Duas coincidências

Durante a cerimônia chamaram atenção dois itens interessantes.

09Em sua saudação, o vice-presidente Jorge Yamashita lembrou que o nome do atual presidente da Comissão, Guenji Yamazoe, constava no convite da outorga do 1º Prêmio Kiyoshi Yamamoto, em 1965, na época organizado pela ABETA – Associação Brasileira de Estudos Técnicos da Agricultura (entidade fundada por Kiyoshi Yamamoto).

“Na relação dos organizadores formada por destacadas personalidades da época, constava o nome do agrônomo recém-formado Guenji Yamazoe, que ainda continua em plena atividade, e é o atual presidente desta Comissão”, ressaltou Yamashita.

Depois, durante a cerimônia, foi a vez do homenageado Dr. Mario Nakano referir-se à figura do Dr. Kiyoshi Yamamoto.

10O homenageado contou que quando tinha por volta de 12 anos chegou a trabalhar na residência de Kiyoshi Yamamoto – “fazia faxina, cuidava do jardim e do quintal”, “era uma residência muito bonita e ficava cerca de três quarteirões de onde a minha família tinha um armazém e quitanda”. Lembra que no enorme quintal tinha oito pés de jabuticaba, um pé de fruta do conde e um de carambola (“fruta que a gente nem sabia como usava”).

11 publicoDr. Nakano conta que “de vez em quando ele aparecia com duas luvas de beisebol no quintal e convidava par ficar jogando bola com ele”. Um dos seus serviços era ficar atento para saída do Dr.Yamamoto que acontecia entre 9h e 10h. “Eu abria o portão para o carro passar, guiado pelo motorista – que era meu amigo – e o Dr. Yamamoto sempre me fazia o sinal de agradecimento”.

12Era a época da Segunda Guerra, por volta de 1940, e por conta das dificuldades, a família resolveu largar o comércio e mudar-se para São Bernardo do Campo, na colônia Mizuho, ou seja, “fomos morar no interior”. Lembra que foram morar no meio do mato, num local sem energia elétrica, numa casa de chão e barro, sem forro, “e quando chovia era um verdadeiro sacrifício”.

13Talvez o maior sacrifício, tenha sido se acostumar com a lavoura: “a gente nem sabia como pegar na enxada para capinar!”. E, para o jovem Nakano, mais uma dificuldade: “não sabia falar japonês, cresci na cidade e como meu pai tinha comércio, não usava essa língua. E, na colônia Mizuho, não conseguia encontrar ninguém da minha idade que falasse português”.

14“Depois resolvi estudar para poder sair da roça”, relembra Nakano, mas para isso tinha que vencer seis quilômetros a pé para pegar o ônibus e chegar até a Praça da Sé, no centro de São Paulo, para fazer o curso de madureza. Em três meses estava com o diploma que lhe deu o direito de entrar no colegial – estudou no Colégio Roosevelt e depois no Alexandre Gusmão, considerados duas escolas de destaque. Depois, entrou para a Faculdade de Veterinária na USP, que naquela época, ficava na rua Pires da Mota, no Cambuci.

Escolheu trabalhar no Instituto Biológico de São Paulo – onde entrou em 1959 e trabalhou durante 30 anos, por conta das ligações familiares: “em São Bernardo do Campo, montamos um pequeno galinheiro e sempre que algum problema aparecia nas aves, eu levava para o Biológico em busca de informações para a doença”.

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