O brilho da princesa Mako na comemoração dos 110 anos

Compartilhe

Seu semblante tenso contrastava com as cores pastel e delicadas do quimono furisode: um dégradé combinando esverdeado e areia com estampas floridas (destaque para o crisântemo que é considerado flor de inverno). A princesa Mako, aos 26 anos de idade, parecia enfrentar o seu primeiro grande compromisso como representante da Família Imperial japonesa.

Apesar dessa primeira impressão, ao longo de seus compromissos, mostrou cativante desenvoltura ao relacionar-se com seus anfitriões e público em geral. Determina o rígido protocolo que, diante dos membros da Família Imperial, não se deve estender a mão para cumprimentá-los, a não ser que eles tomem a iniciativa.

Pois bem, o que se constatou é que a princesa Mako, sempre que possível, fez questão de aproximar-se e cumprimentar o público (principalmente as crianças). Aliás, um dos membros da Polícia Federal (não descendente de japoneses), que a acompanhou em sua viagem pelo interior paulista, confidenciou a uma amiga nikkei: “está sendo uma viagem muito bonita, cheia de emoções diante das manifestações calorosas dos velhinhos. Ela é muito atenciosa e cumprimenta a todos”.

Harumi Arashiro Goya, presidente da Comissão para Comemoração dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil e do Bunkyo também reforçou essa impressão. Sentou ao lado da princesa Mako durante o almoço oferecido às delegações estrangeiras e conta que ficou impressionada com a simpatia e interesse dela em conhecer os detalhes locais. Lembra, por exemplo, que ela elogiou a porcelana na qual foi servido o prato principal no almoço e a apresentação da sobremesa preparada por Francesca Romana. Também ficou admirada ao saber que os arranjos de flores colocados nas mesas tinham sido feitos pelas professoras da Associação Ikebana do Brasil.

Atenta, a princesa Mako disse que se lembrava de ter ouvido (e gostado) parte da música-tema dos 110 Anos, “Arigatô Brasil!” de Joe Hirata, quando visitava, no dia anterior, a Expo-Imin 110 em Maringá (PR).

Já a presidente Harumi, natural de Okinawa, ficou emocionada ao ouvir da princesa Mako que ela sabe dançar algumas das danças dessa ilha.

Visita da princesa Mako ao Pavilhão Japonês

No sábado, dia 21, no local do Festival do Japão, após participar da cerimônia comemorativa aos 110 anos e do almoço com as autoridades estrangeiras oferecido pela Comissão 110 Anos, a princesa Mako seguiu para os próximos compromissos.

Foi direto para o Tivoli Mofarrej São Paulo Hotel, onde estava hospedada, e trocou o quimono por um vestido ocidental, preparando-se para encontrar-se com as lideranças jovens (cerca de 50 pessoas) das entidades nipo-brasileiras e voluntários japoneses da JICA (Japan International Cooperation Agency).

De lá, a princesa Mako seguiu ao Parque Ibirapuera para visitar dois marcos obrigatórios às autoridades japonesas de passagem pela cidade.

Na chegada, foi recepcionada por escolares agitando bandeirolas do Japão e do Brasil. Acompanhada por Yasuo Yamada, presidente do Kenren, dirigiu-se ao Memorial em Homenagem aos Imigrantes Pioneiros para depositar uma coroa de flores.

Em seguida, às 16h35, chegou ao Pavilhão Japonês sendo recebida pela presidente da Comissão para Comemoração dos 110 Anos da Imigração Japonesa no Brasil e do Bunkyo, Harumi Arashiro Goya; e membros da Comissão de Administração do Pavilhão Japonês, presidente Léo Ota e vice-presidentes Seiji Ito, Shen Ribeiro e Heraldo Guiaro (também diretor do Parque Ibirapuera).

Ainda integraram o grupo de recepção o presidente da Nakashima Komuten do Japão, Norio Nakashima, e o arquiteto Eiji Hayakawa, curador da exposição “Bancos Indígenas” montada no Pavilhão Japonês.

O vice-presidente Seiji Ito foi o responsável por ciceronear a princesa Mako pelos pontos previamente selecionados pelos japoneses responsáveis pela programação: conheceu o marco comemorativo da visita de seus avós ocorrida em 1967, o imperador Akihito e o imperatriz Michiko; depois o monumento comemorativo ao centenário das relações diplomáticas Brasil-Japão inaugurado por sua tia, a princesa Sayako, em 2005; e em seguida, o ipê branco plantado por seus pais, príncipe Akishino e princesa Kiko, durante visita em 2015.

Na entrada principal do Pavilhão, onde estão afixadas as placas comemorativas, Norio Nakashima foi apresentado à princesa Mako como o guardião responsável pela preservação da edificação, fazendo dela uma das raras construções tradicionais japonesas de madeira no exterior a manter sua originalidade.

O diálogo fluiu rápido – em Gifu, província onde reside, Nakashima faz parte de uma entidade de preservação da natureza em que a princesa é a presidente de honra.

Ao entrar no salão principal do Pavilhão foi recepcionada ao som de shakuhachi (Shen Ribeiro) e koto (Tamie Kitahara e Emi Kitahara), dirigindo-se depois à sacada para alimentar as carpas.

A visitante seguiu pelo corredor de ligação entre os dois salões, ouvindo as explicações sobre os jardins – de um lado, o japonês, e de outro, o brasileiro; bem como detalhes construtivos do local.

Ao saber da exposição “Bancos Indígenas”, demonstrou interesse em visitá-lo, embora não constasse da programação prévia, sendo acompanhada pelo curador Hayakawa.

Passava das 17h15 quando a princesa Mako terminou a visita ao Pavilhão Japonês, restando aos anfitriões uma calorosa sensação de honra e satisfação pela simpática e prestigiosa visita.

A princesa no Bunkyo e Museu da Imigração Japonesa

Na manhã do domingo, dia 22 de julho, antes de seguir viagem para Marília, a princesa Mako esteve no Bunkyo para inaugurar a ala reformada do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, localizada no 8º andar.

Na entrada, a princesa Mako e comitiva foram recepcionadas pelos vice-presidentes da entidade, Osamu Matsuo, Ricardo Nishimura e Marcelo Hideshima, e o presidente do Conselho Deliberativo, Jorge Yamashita. No hall, foi recepcionada por convidados, ocasião em que a princesa Mako fez questão de se dirigir às crianças para cumprimentá-las.

No Museu, recepcionada por Roberto Nishio, presidente da Comissão de Administração do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, foi ciceroneada pela vice-presidente Lídia Yamashita. A visita teve início pelo 7º andar, que enfoca a fase inicial da imigração japonesa desde a chegada ao Brasil até os primeiros passos para o desenvolvimento de suas atividades no setor agrícola.

Em sua primeira visita ao Museu, a princesa teve a incumbência de descerrar a fita inaugural do 8º andar, que passou por uma reforma de seu espaço expositivo e instalações em geral. No ato, foi acompanhada pelo presidente da Comissão Nishio, o vice-presidente do Bunkyo Matsuo e o vice-presidente da Toyota Celso Simomura.

Ao final, visitou o 9º andar – onde conheceu as obras do pintor japonês Takehiko Miyanaga, doadas ao Bunkyo em 1974, retratando o imperador Akihito e a imperatriz Michiko.

Na saída, depois de um breve descanso na sala do CIATE (1º andar) preparada especialmente para a ocasião, a princesa Mako disse ao seu anfitrião, o vice-presidente Osamu Matsuo: “foi minha primeira visita, e as explicações foram muito compreensíveis”, acrescentado, “acho importante que o Museu continue exercendo esse papel de transmitir a história da imigração japonesa para todos”.

Matsuo destaca que a princesa Mako pediu “que o Bunkyo continue se esforçando para manter o Museu e para que essas informações sejam transmitidas aos jovens”.

Confira o calendário de eventos completo