52º Prêmio Kiyoshi Yamamoto: destaques no desenvolvimento da agricultura brasileira

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A Comissão Bunkyo Rural / Prêmio Kiyoshi Yamamoto realiza no próximo dia 1 de dezembro, sexta-feira, a partir das 19h, no Plenário 1º de Maio da Câmara Municipal de São Paulo, a cerimônia de outorga do 52º Prêmio Kiyoshi Yamamoto.

Dedicado a pessoas e instituições que prestaram relevantes contribuições ao Brasil no desenvolvimento do setor agropecuário, os premiados desta edição serão o agricultor Getúlio Mitsuhiro Minamihara de Franca (SP) e a pesquisadora Margarida Fumiko Ito, residente em Campinas (SP).

O ano de 2023 é marcado pelos 60 anos do falecimento de Kiyoshi Yamamoto, agrônomo japonês reconhecido por suas inovações no cultivo que desenvolveu na Fazenda Tozan (em Campinas – SP); abriu uma empresa de exploração agrícola, após se aposentar da Mitsubishi.

Recebeu título de doutor em Ciências Agronômicas na Universidade de Tóquio por suas pesquisas com uso da Vespa de Uganda no combate à broca do Café; em 1955, foi um dos fundadores da Associação Paulista de Cultura Japonesa (atual Bunkyo) e 1958, fundador da ABETA – Associação Brasileira de Estudos Técnicos da Agricultura. (Confira a biografia completa no final do post)

O engenheiro agrônomo Isidoro Yamanaka.

Por fim será dedicada homenagem a Isidoro Yamanaka, competente agrônomo que participou ativamente no estreitamento das relações do Brasil com o Japão. Trabalhou durante 40 anos no Ministério da Agricultura e no Ministério da Fazenda.

Conhecedor da língua japonesa, teve funções decisivas no desenvolvimento dos grandes projetos que nortearam o desenvolvimento da agricultura brasileira como o PRODECER, PROFIR, dentre inúmeras atividades que transformaram o cerrado brasileiro em celeiro do mundo.

Em reconhecimento por sua atuação no intercâmbio entre Brasil e Japão, foi condecorado pelo governo japonês com a Ordem do Tesouro Sagrado “Raios de Ouro”, uma importante honraria japonesa.

Premiados da 52ª Edição:


Getúlio Minamihara em sua fazenda na Alta Mogiana. Foto: Ally coffee


Getúlio Minamihara nasceu em Assaí (PR), é formado pela Escola Superior de Agricultura – ESALQ. Foi indicado pela Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana – AMSC por oferecer o primeiro café da região a obter 90 pontos.

De alta qualidade, o café orgânico recebeu diversos prêmios. Produzido intercalado com abacateiros na Fazenda Minamihara, com técnicas da biodinâmica e da agrofloresta, é exportado para todo o mundo, incluindo países como Japão, Europa e Estados Unidos.

Margarida Fumiko Ito. Foto: IAC

Margarida Ito nasceu em Lucélia, interior do estado de SP, é doutora em engenharia agronômica, presta serviços há mais de 50 anos na área de Fitopatologia no Instituto Agronômico de Campinas. Nissei, sua família se estabeleceu na Colônia de Tozan em Campinas.

Colaborou com programas de melhoria genética do feijão e soja, com maior resistência a patógenos exigindo menor uso de defensivos agrícolas, favorecendo o meio ambiente e a saúde dos envolvidos (produtores e consumidores). Apresentou mais de 250 trabalhos em congressos, recebendo diversos prêmios por sua pesquisa e contribuição na área.


Kiyoshi Yamamoto por Tomoo Handa

Quem foi Kiyoshi Yamamoto?

Natural de Tóquio, nascido em 1892, Kiyoshi Yamamoto cursou Agronomia na Universidade de Tóquio. Devido as boas notas que obteve no curso, foi convidado pelo dono da empresa Mitsubishi, Hisaya Iwasaki, a trabalhar na Fazenda Koiwai, que criava cavalos de raça, gado leiteiro e ovelhas. Algum tempo depois, foi-lhe confiada a tarefa de desenvolver a cultura do algodão na China, onde trabalhou por sete anos e aprendeu a falar fluentemente o mandarim.

Em 1925, Iwasaki confiou-lhe mais um desafio: comandar um projeto agrícola no Brasil. Kiyoshi deixou a esposa e os filhos no Japão e veio sozinho. Procurou propriedades para adquirir na região de Campinas e encontrou a Fazenda Ponte Alta, mais tarde rebatizada de Fazenda Monte d’Este (Fazenda Tozan). A fazenda original, como em outras existentes no Estado, era coberta de cafezais, afinal, a riqueza paulista girava em torno do café. Kiyoshi tinha uma grande visão e vislumbrava uma realidade bem maior para o Brasil dentro da agricultura.

Para a surpresa dos vizinhos, os troncos de árvores das áreas que foram desmatadas foram levados para a serraria e viraram tábuas e vigas para construção. No local desmatado foram plantados eucaliptos para reflorestamento, numa época em que ninguém falava sobre isso. Ele também introduziu a rotação de culturas, algo desconhecido no Brasil, mas praticado no Japão. Por exemplo, onde havia plantação de algodão, surge uma plantação de batata, ou seja, é uma forma de aproveitar melhor os nutrientes do solo que cada cultura precisa e também para se evitar doenças e pragas, que certamente se multiplicam na repetição de culturas. Além das madeiras, a Fazenda Tozan também fazia os tijolos e telhas que ela precisava utilizando a argila das margens do Rio Atibaia.

Num surto da broca do café, que ameaçava destruir plantações inteiras das fazendas, ele resolveu introduzir a vespa de Uganda, que ele descobriu através de estudos. A vespa combateu as brocas e não precisou usar nenhum tipo de inceticida, salvando as fazendas do Estado de São Paulo. Essa pesquisa, descrita com detalhes minuciosos, rendeu-lhe o título de Doutor em Ciências Agronômicas da Universidade de Tokyo.

Em 1958, Yamamoto fundou a ABETA – Associação Brasileira de Estudos Técnicos da Agricultura, e no mesmo ano, passou a receber técnicos de nível médio e superior recém-formados do Japão para serem treinados na Fazenda Tozan. Os estagiários permaneciam por 18 meses e depois seguiam para trabalhar nas cooperativas e empresas prestando assistência aos produtores rurais.

Em 1955, foi um dos fundadores da Associação Paulista de Cultura Japonesa, que daria origem à atual Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa – Bunkyo, da qual foi seu primeiro presidente, ocupando o posto até perto do seu falecimento, ocorrido em julho de 1963, vítima de câncer pulmonar.

Por estes feitos memoráveis, Kiyoshi Yamamoto é o nome do prêmio outorgado anualmente pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social aos agricultores, pesquisadores e entidades que se destacaram no desenvolvimento da agricultura brasileira.


Serviço
52º Prêmio Kiyoshi Yamamoto

Dia/hora: 1 de dezembro – sexta-feira – às 19h
Local: Plenário 1º de Maio da Câmara Municipal de São Paulo Palácio Anchieta – Viaduto Jacareí, 100 – Bela Vista – SP

A 52ª edição do Prêmio Kiyoshi Yamamoto é patrocinada pela Fundação Kunito Miyasaka, Ihara, Jacto, Takii Seed, Sakata e Promissor Corretora de Seguros. Apoio jornais Diário Brasil Nippou e Nippon Já.

Confira o calendário de eventos completo